Cadeira de rodas controlada por movimentos da cabeça é desenvolvida no interior de SP
Uma cadeira de rodas controlada por movimentos da cabeça é a criação desenvolvida por alunos e professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus de Itapetininga (SP). Ao g1, os sete envolvidos contaram mais sobre o desenvolvimento do produto tecnológico.
Os estudantes dos cursos de tecnologia em sistemas para internet e técnico em informática, ao lado dos professores da área de mecânica e informática, com auxílio do coordenador de pesquisa no campus, levaram cerca de três anos para desenvolver o protótipo. Após sua finalização, o modelo pode custar até R$ 30 mil.
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Os professores Alexandre Shigunov, Carlos Henrique da Silva Santos, Wilton Moreira Ferraz Júnior e William Medeiros participaram do projeto do protótipo, que também contou com o trabalho dos alunos Isaac Seabra de Barros, Gustavo Rafael Cardilho e Maria Clara Gomes Shigunov.
Professores e alunos do IFSP de Itapetininga (SP) desenvolvem uma cadeira de rodas controlada por movimentos da cabeça
Arquivo Pessoal/Carlos Henrique da Silva Santos
O grupo explicou, em entrevista ao g1, que esse projeto é consequência de experiências anteriores no desenvolvimento de tecnologias assistivas e observações de demandas que as pessoas com limitações psicomotoras possuem para conseguir se locomover de maneira mais independente.
A cadeira de rodas controlada por movimentos na cabeça está na etapa final de seu desenvolvimento. No último ano, a equipe conseguiu testar um protótipo para validar as tecnologias e os conceitos do produto.
Como a cadeira de rodas funciona?
O grupo desenvolveu um aplicativo, de código aberto e disponibilizado pelo Google, onde consegue colocar aplicações com interface ao usuário para dispositivos móveis, que detectam os movimentos da cabeça humana.
O sistema identifica os pontos característicos do usuário, processa e envia as instruções para o hardware, que irá realizar os acionamentos eletrônicos.
“Todo projeto que desenvolvemos esperamos que dê certo, mas não temos a consciência exata de qual ponto e quando conseguimos chegar, pois é uma exploração contínua de aprimoramentos”, explicam os envolvidos.
O grupo explicou que o professor Carlos Henrique da Silva Santos, que aparece no vídeo realizando o teste na cadeira de rodas, não é PCD.
Nas imagens, a cadeira é controlada a partir dos movimentos feitos pela cabeça de Carlos. O rosto do professor aparece em uma tela presa à cadeira de rodas. Ele conseguiu movimentá-la sem outras dificuldades, também não foi necessário mexer outras partes do corpo. (Veja no vídeo no início da reportagem).
Para os desenvolvedores, o protótipo inicial validou o conceito e a tecnologia, mas ainda não foi suficientemente funcional para a realização de testes em ambiente controlado ou de livre acesso.
“Estamos trabalhando no projeto há três anos. Espera-se que nos próximos anos consigamos realizar esses testes e entregar à comunidade uma solução tecnológica”, completaram.
Ainda nos estudos desse projeto, os participantes estão usando processos de modelagem tridimensional, simulando os movimentos.
Além disso, eles explicaram que também estão buscando aprimorar o campo da fabricação deste produto, acondicionando os componentes estruturais e eletrônicos, esses integrados a um hoverboard que realiza os movimentos da cadeira, de forma automatizada.
Etapas do projeto
Na etapa atual, os alunos e professores buscam construir um modelo de adaptação das cadeiras de rodas atuais, integrando os sistemas, para teste de controle do movimento via detecção das ações feita pela cabeça humana, usando dispositivos móveis comuns, como celulares e tablets.
Aprimorando os recursos para ser oferecida à sociedade de formas alternativas, sendo de baixo custo para a automatização das cadeiras.
Neste ano, dois alunos do curso de Tecnologia em Sistemas Para a Internet, Gustavo Rafael e Isaac Seabra, trabalharam de forma voluntária para aprimorar o software de controle e da eletrônica.
Outros alunos também participaram voluntariamente para melhorar o hardware, movimentação, ergonomia e estrutura do produto. “Estamos ansiosos pela nova rodada de testes de integração para saber como os recursos melhorados vão se comportar nessa nova versão do protótipo”.
“De uma perspectiva humana e de pesquisadores, transcende nossos sentimentos e a satisfação ao ser buscar contribuir com a sociedade desde a oferta de projetos para que os alunos vivenciem essas experiências acadêmicas. Principalmente a entrega em si em se buscar um produto tecnológico que possa ser útil a sociedade”, afirma o grupo.
Financiamento
A ajuda para conseguir realizar esse projeto chegou por meio de recursos de emendas parlamentares, que possibilitaram pagar as bolsas para os alunos, uma delas foi pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), no valor de R$ 300 mil. O produto final, após o término, pode custar entre R$ 20 a 30 mil, considerando os modelos de joystick no mercado.
“O projeto de pesquisa sempre é complexo por não sabermos se vai dar certo e quais os resultados que serão obtidos. Temos a consciência clara de que estamos no início e que devemos pesquisar ainda mais. Esses projetos enriquecem muito a formação deles, desde do pensamento crítico, perpassando pelo planejamento e a entrega em si da execução de suas tarefas”, relataram.
Conforme os participantes, o grupo pensa em patentear e distribuir gratuitamente o protótipo para a sociedade, mas essa é uma ideia que ainda será discutida com a Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia do Instituto Federal de São Paulo (Inova-IFSP).
Alunos voluntários participaram do desenvolvimento da cadeira de rodas controlada por movimentos da cabeça
Arquivo pessoal/Carlos Henrique da Silva Santos
*Colaborou sob a supervisão de Mariana Bonora.
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