G1

Aos 78 anos, Iggy Pop desafia noção de idade em dia de bandas influenciadas por ele


Iggy Pop mostra voz potente com clássico 'Passenger'

O papo “o rock morreu” não tem vez com Iggy Pop. Do topo dos seus 78 anos, o artista que cantou no The Town neste domingo (7) teve energia de dar inveja em muito novinho – deixando claro que, se não for pra ser assim, ele nem se apresenta.

FOTOS: Veja imagens do 2º dia

FOTOS: Famosos no festival

Nesta noite, o Padrinho do Punk subiu ao palco ao som de cachorros latindo. Já começou tirando o colete (durou 5 segundos no corpo) e cantando sucessos como “T.V. Eye”, “Gimme Danger” e “Search and Destroy”, de quando ele era um jovem maluco do grupo Stooges, no fim dos anos 1960.

Agora, ele é um senhor maluco, chutando o ar com seu andar trôpego. Gesticulando com o microfone na virilha, até.

Iggy Pop se apresenta no The Town 2025

Fábio Tito/g1

Iggy é o veterano deste line-up, não só do dia, como do festival inteiro. É pioneiro do som “sujo”, e a atitude sem rodeios que originou o pop-punk de Green Day, headliner da noite.

Aliás, já usava drogas e se lançava do palco quando Billie Joe Armstrong nem pensava em nascer (hoje, Iggy está sóbrio e parou de mergulhar na plateia). 

Neste dia do rock no The Town, o cantor definido por Billie Joe como “o mais confrontacional da história” não precisava reafirmar seu status. Mas rebolou, chutou o ar e não parou quieto mesmo assim. Algum cansaço apareceu a princípio na voz (não no corpo), mas logo sumiu.

Desde o início, o público estava extasiado. Na bela “The Passenger”, a galera respondeu com coro emocionado no “La-la-la”. Nessa hora, Dinho Ouro Preto, que canta a versão abrasileirada “O Passageiro”, foi mostrado no telão.

Quando a banda ficou mais quieta, deu espaço para a textura da voz grave do cantor. E deu pra perceber que a voz de Iggy segue intacta.

Ele se jogou no chão em “I Wanna Be Your Dog”, enfiou a mão na calça em “1970” e jogou um banco em “Frenzy”. O show também valorizou a banda, deixando espaços para solos de guitarra, trombone e bateria (o ótimo grupo de instrumentistas que o acompanha inclui o guitarrista Nick Zinner, do Yeah Yeah Yeahs).

Dos maiores sucessos de Iggy, “Candy” e “Real Wild Child” ficaram de fora.

Não faz mal. Iggy tem repertório para acenar a vários capítulos de impressionante história, incluindo as parcerias com David Bowie – como a penúltima, “Funtime”.

Pop e Bowie foram amigos de longa data, dividindo composições e algumas das histórias mais surreais da música (há rumores que Bowie contrabandeava cocaína para entregar a Iggy em um hospital psiquiátrico).

No palco, Iggy representa esse legado. O cantor carrega no corpo a força dos grandes performers do rock: tem um pouco de Bowie, Jim Morrison, James Brown, e um bocado de Iggy Pop. Uma figurinha histórica do punk, desafiando o tempo – o que é bem punk.

Iggy encerrou com “Louie Louie” e, batendo no peito, saiu triunfante. Quem sabe não o vemos aqui de volta, com oitenta e tantos anos. Em se tratando de Iggy Pop, nunca dá pra saber.

Cartela resenha crítica g1

g1

VÍDEOS The Town 2025: 2º dia

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.