Uma assembleia entre os credores da Avibras e o Sindicato dos Metalúrgicos acontece nesta terça-feira (13). A expectativa é que a Brasil Crédito, uma das principais credoras, apresente um plano de retomada das atividades, já que ela tem interesse em adquirir a empresa bélica. Avibras em Jacareí.

Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos

Uma nova assembleia para discussão do processo de recuperação judicial da Avibras será realizada no início da tarde desta terça-feira (13).

Sediada em Jacareí (SP), a Avibras é uma das maiores indústrias do setor de defesa militar do país, mas enfrenta grave crise financeira há quase três anos e pediu recuperação judicial, alegando dívidas de cerca de R$ 600 milhões.

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A assembleia acontecerá de forma virtual e contará com a participação dos credores da Avibras e do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que representará os funcionários da empresa bélica. Além disso, representantes da Avibras também participam.

Segundo o sindicato, um dos principais credores e atual maior interessado em adquirir a Avibras - a Brasil Crédito - deve apresentar um plano para retomada da operação da empresa.

“Está previsto que a Brasil Crédito Gestão Fundo de Investimento e Direitos Creditórios, interessada na aquisição da Avibras, apresente um plano para possível retomada das atividades da empresa e pagamento de dívidas trabalhistas. Esse plano pode ser adotado, caso a aquisição se confirme”, explicou o sindicato.

Recentemente, a Brasil Crédito formalizou ao sindicato uma proposta para o pagamento das dívidas trabalhistas da Avibras - os trabalhadores estão há 25 meses sem receber salário.

Na última semana, o sindicato realizou uma assembleia com os funcionários para discutir a proposta. Segundo a associação, a proposta foi aceita pela categoria, mas ainda não é válida, pois depende de uma decisão oficial sobre a aquisição da empresa.

Pela proposta da Brasil Crédito, os funcionários teriam a opção de um acerto parcelado em até 48 vezes com reposição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e 1% de juro ao ano. Outros créditos poderiam ser acordados com pagamento integral. Além disso, a proposta planeja empregar os atuais trabalhadores da Avibras que desejarem continuar na empresa.

Funcionários discutem proposta de credora da Avibras

Negociações para venda

No ano passado, a Avibras chegou a negociar a venda para uma empresa australiana e, depois, para uma empresa brasileira, mas as duas tratativas fracassaram.

Já em janeiro deste ano, a Avibras anunciou novas negociações com uma empresa saudita. Segundo o comunicado, as tratativas eram 'avançadas' com a empresa Black Storm Military Industries. Até o momento, porém, a venda não foi concretizada.

Investidor desiste da compra da Avibras

Crise da Avibras

Confira a linha do tempo da crise e da situação da Avibras:

março de 2022: a Avibras pediu recuperação judicial alegando uma dívida de R$ 600 milhões

setembro de 2022: os trabalhadores entraram em greve por causa dos atrasos nos salários

julho de 2023: o plano de recuperação judicial foi aprovado

abril de 2024: a Avibras anunciou que negociava a venda para a empresa australiana Defendtex

junho de 2024: a Defendtex desistiu da compra

junho de 2024: o Ministério da Defesa informou que a Avibras havia recebido nova proposta, desta vez de um possível investidor chinês

outubro de 2024: a Avibras afirmou que negociava com um investidor brasileiro

dezembro de 2024: o investidor brasileiro desistiu do negócio

janeiro de 2025: novas negociações, dessa vez com uma empresa saudita

maio de 2025: credora da Avibras, Brasil Crédito anuncia intenção de comprar a empresa

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a dívida adquirida pela Avibras durante o período de recuperação judicial - de 2022 para cá - é de mais de R$ 320 milhões.

Quando o processo de recuperação começou, a empresa de Jacareí tinha cerca de 1,4 mil funcionários. Atualmente são cerca de 900 funcionários, que estão em greve desde setembro de 2022.

A Avibras

A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos. Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.

A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.

Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve motores de foguetes para as forças armadas, entre outras coisas.

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