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Bebês reborn: universo das bonecas hiper-realistas conquista colecionadoras e desafia preconceitos


O interesse crescente levou vereadores do Rio de Janeiro a aprovarem um projeto de lei que institui o “Dia da Cegonha Reborn”. A proposta aguarda sanção da prefeitura. Brinquedo ou suporte emocional? Bebês reborns viram febre nas redes sociais

O Fantástico deste domingo (11) conversou com mulheres que colecionam os chamados "bebês reborn". São bonecas hiper-realistas de recém-nascidos que têm conquistado cada vez mais espaço entre colecionadoras brasileiras. Veja no vídeo acima.

A bióloga Carla Alves é uma dessas entusiastas.

"Aí o pessoal fala: 'ah, mas essa idade, brincar de boneca...' Eu falei: 'gente, eu não brinco de boneca. Eu só gosto de colecionar, porque eu gosto do realismo das bonecas'", diz.

Casada e mãe de dois filhos adultos, ela conta que sempre teve vontade de ter uma boneca reborn.

“Quando vi na internet, pensei: agora é a hora de ter a minha bebê”, lembra.

A primeira foi Julia Sofhia, adquirida por R$ 1.300. Depois vieram outras, como Maria Helena.

“Eu parcelei em 10 vezes. Estou pagando a parcela das duas — e já vou começar a pagar a terceira”, diz, rindo.

Carla segura no coloco suas bonecas reborn

Reprodução/TV Globo

Apesar da resistência da família em sair com as bonecas pelas ruas de Itaquera, Carla não se intimida.

“Gosto de ver a reação das pessoas e aproveito para divulgar a arte”, afirma.

Carla vai ao supermercado com bebê reborn

Reprodução/TV Globo

Um hobby que virou negócio

Edna Hereki, costureira e também colecionadora, prefere manter suas 20 bonecas reborn como parte da decoração do quarto. Ela cuida dos cabelos delicados, troca as roupinhas e ainda confecciona peças para vender.

“Vendo para outras mamães de reborn e também para cegonhas”, explica.

As “cegonhas” são as artistas responsáveis por dar vida às bonecas. O processo começa com kits desmontados, que são pintados e montados manualmente. O cabelo é implantado fio a fio, e a pintura imita texturas de pele, veias e manchas. O nome “reborn” — renascida, em inglês — reflete esse processo artesanal.

Edna

Reprodução/TV Globo

Sucesso nas redes

O realismo dessas bonecas tem chamado atenção. Nas redes sociais — com celebridades como Britney Spears e Padre Fábio de Melo exibindo seus bebês reborn.

O interesse crescente levou vereadores do Rio de Janeiro a aprovarem um projeto de lei que institui o “Dia da Cegonha Reborn”. A proposta aguarda sanção da prefeitura.

Britney Spears aparece exibindo sua boneca nas redes sociais

Reprodução/TV Globo

Preconceito

Apesar do sucesso, o hobby ainda enfrenta preconceito.

“Um moço na feira me criticou, disse que eu devia adotar uma criança em vez de gastar com bonecas. Mas o dinheiro é meu. E eu sei que não é um bebê de verdade. Nosso intuito de colecionadora é divulgar essa arte", conta Carla.

A psicóloga Leila Tardivo, da USP, explica que o apego às bonecas não é necessariamente patológico.

“São gostos individuais. Por que julgamos uma mulher que brinca com boneca, mas não um homem que coleciona super-heróis?”, questiona.

No entanto, ela alerta:

“Se a pessoa cuida intensamente, como se fosse um bebê real, talvez seja o caso da própria família ou da pessoa pensa ser que não está procurando ajuda profissional e conversar”.

Boneca bebê reborn

Reprodução/TV Globo

Edna, por sua vez, é categórica:

“Eu sou casada, tenho meus filhos, eles estão aqui porque é a minha coleção e eu gosto. Eles não estão aqui para preencher lacuna nenhuma", afirma Edna.

Edna

Reprodução/TV Globo

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