G1

Casal de influenciadores do RS é indiciado em investigação que apura esquema de rifas ilegais


Segundo a Polícia Civil, Gladison Pieri e Pâmela Pavão devem responder por cinco crimes, incluindo lavagem de dinheiro, associação criminosa e jogos de azar. Dois diretores de empresa de títulos de capitalização também foram indiciados. Cinco pessoas são indiciadas por crimes em rifas

Cinco pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil por crimes envolvendo rifas ilegais realizadas em redes sociais. Entre os investigados, estão diretores de uma empresa de títulos de capitalização e o casal de influenciadores digitais Gladison Pieri e Pâmela Pavão, apontados pela investigação como supostos organizadores do esquema.

📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp

Os advogados de Gladison Pieri e Pâmela Pavão afirmam que "o indiciamento não significa formação de culpa" e que espera que o caso seja tratado "com serenidade, sem preconceito social e sem prejulgamento". Leia abaixo na íntegra.

Gladison Pieri e Pamela Pavão, influenciadores presos durante operação contra rifas virtuais ilegais

Reprodução

Também em pronunciamento, a defesa da Viacap "entende como equivocado o indiciamento", além de reafirmar "que fez o repasse dos recursos do produto Título de capitalização na modalidade filantropia premiável". Confira abaixo.

A investigação

A reportagem da RBS TV teve acesso exclusivo ao inquérito. A apuração durou um ano e resultou no indiciamento dos influenciadores por cinco crimes, incluindo lavagem de dinheiro, associação criminosa e jogos de azar.

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, Pieri e Pâmela promoviam rifas de bens, como automóveis, imóveis e até procedimentos estéticos. Os números eram vendidos ao público, e os sorteios aconteciam com base na loteria federal.

"Sempre aumentando um número na casa, chegando a um milhão de números a serem sorteados", detalha a delegada.

Esquema de rifas ilegais

Reprodução/ RBS TV

Para atrair apostadores, o casal utilizava vídeos com efeitos especiais e até uma mala de dinheiro cenográfico.

Quem é o casal investigado por golpe da rifa que vivia em apartamento de R$ 15 milhões em Balneário Camboriú

Patrimônio milionário

Ao longo da investigação, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões em bens dos influenciadores, incluindo um apartamento de luxo no prédio mais alto do Brasil, em Balneário Camboriú (SC), e uma frota com cerca de 50 carros.

Corvette apreendido durante operação contra golpe das rifas virtuais em Canoas

Eduardo Paganella/RBS TV

De acordo com o delegado Filipe Bringhenti, esse patrimônio faria parte da estratégia, para dar aparência de legalidade ao esquema das rifas.

"Além de mesclar e se valer de empresas lícitas para lavar o dinheiro das rifas, foi investido parte vultosa desse capital do proveito dessas rifas na compra de bens em nome de terceiros ou na compra de bens que foram transferidos para terceiros", explica o delegado.

Pieri e Pâmela chegaram a ser presos em agosto do ano passado, mas foram liberados sob condição de cumprir medidas restritivas, como a proibição de utilizar redes sociais para promover novas rifas.

Gladson Pieri e Pâmela Pavão presos em agosto de 2024

Reprodução/ RBS TV

Ainda segundo o inquérito, o casal teria tentado dar legitimidade ao esquema ao associar suas rifas à Viacap, uma empresa de títulos de capitalização. O sistema adotado teria sido o "filantropia premiável", em que parte da arrecadação das rifas deveria ser destinada a uma instituição social.

Esquema de rifas

Reprodução/ RBS TV

No papel, 33,4% do valor arrecadado iria para uma ONG. No entanto, a investigação apontou que o projeto Criança Cidadã recebia apenas 2,4%, enquanto o restante voltava para os influenciadores e para a própria Viacap, por meio de contratos de publicidade.

"Para nossa surpresa, a empresa capitalizadora, que é a maior especialista no assunto dentre todas as partes envolvidas, protagonizou a negociação que terminou por deixar apenas 2,4%, ao invés de 33,4% do faturamento bruto om as rifas para a filantropia", afirma o delegado Filipe Bringhenti.

Dois diretores da Viacap foram indiciados por lavagem de dinheiro.

"Foi a empresa que buscou os influenciadores e buscou a entidade beneficente", explica delegada Luciane Bertoletti.

De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), se um administrador eleito ou nomeado responde a processos criminais para avaliar se ele tem condições de exercer o cargo em uma sociedade supervisionada e se for constatado que ele não atende aos requisitos, a aprovação pode ser suspensa ou revogada, e a empresa deve afastá-lo imediatamente. Entenda em nota abaixo.

Sobre a ONG

Projeto Criança Cidadã

Reprodução/ RBS TV

A organização social que recebia a pequena porcentagem do esquema atende 500 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade em cinco cidades.

O projeto Criança Cidadã informou que prestou todos os esclarecimentos às autoridades e que seus dirigentes não foram alvo de indiciamentos.

Em entrevista, o coordenador da entidade, André de Britto, afirmou que não tinha conhecimento das fraudes investigadas pela polícia.

"A gente procura colocar prestação de contas no site porque cada valor que entra é muito importante pra instituição", alega André.

Nota da defesa de Gladson e Pâmela

"O indiciamento não significa formação de culpa, muito menos condenação antecipada. Também não subordina qualquer decisão posterior do Ministério Público, que é o titular da ação penal. No nosso ponto de vista, não há nem mesmo elementos suficientes para embasar eventual denúncia. Esperamos que o caso seja ainda tratado com serenidade, sem preconceito social e sem prejulgamento.

André Callegari

Marília Fontenele

Nereu Giacomolli

Advogados de Gladson e Pâmela"

Nota da defesa da Viacap

"A Via Capitalização S/A, empresa de emissão de títulos de capitalização, entende como equivocado o indiciamento e tomou as medidas cabíveis nos fóruns adequados. A empresa reforça que prestou todos os esclarecimentos solicitados durante a investigação, que continua à disposição das autoridades, e reafirma que fez o repasse dos recursos do produto Título de capitalização na modalidade filantropia premiável de acordo com as normativas da Susep (Superintendência de Seguros Privados), que regulamenta e fiscaliza a atividade, e com a legislação federal."

Pronunciamento da Susep

"A Superintendência de Seguros Privados - Susep, para avaliar se um administrador eleito ou nomeado tem as condições necessárias para o exercício de cargo em órgãos estatutários de sociedade supervisionada, pode levar em conta situações e ocorrências relacionadas, entre outros, a processos crime a que esteja respondendo o eleito ou nomeado.

A constatação, a qualquer tempo, do desatendimento, superveniente ou não, revelado por ocasião da consulta prévia, da eleição ou da nomeação, poderá implicar, conforme as condições de cada caso concreto, a suspensão ou a revogação do ato de aprovação da consulta, da eleição ou nomeação e a instauração de processo administrativo sancionador, sem prejuízo dos demais procedimentos legais cabíveis.Ademais, as supervisionadas são obrigadas a afastar ou destituir imediatamente os ocupantes de cargos estatutários ou contratuais, sempre que constatado o descumprimento de requisitos ou o enquadramento em impedimentos para o exercício de cargo em seus órgãos estatutários."

VÍDEOS: Tudo sobre o RS

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.