Deputados do Centrão criticaram, nos bastidores, a condução do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Blindagem.
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O foco das reclamações é a falta de um acordo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para pautar o tema imediatamente na outra Casa.
Os parlamentares se dizem "chateados" e afirmam que "Hugo [Motta] está sendo muito criticado".
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A avaliação, segundo esses parlamentares, é que a Câmara foi "jogada na fogueira sozinha e à toa", já que os senadores deixaram explícito que devem rejeitar a PEC na próxima quarta-feira (24).
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Cobrança de acordo
Segundo deputados, Hugo Motta havia sinalizado que "estava tudo combinado com Alcolumbre" para votar a PEC também no Senado.
"Você acha que iríamos nos expor sozinhos se não tivéssemos certeza que o Senado iria pautar?", questionou um deputado do Centrão.
Outro parlamentar disse que vão questionar Hugo Motta se Alcolumbre quebrou o acordo.
"Vamos cobrar dele essa semana se estava mesmo e, em razão da repercussão negativa, Alcolumbre voltou atrás ou se não estava combinado", disse.
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Como mostrou o g1, interlocutores de Alcolumbre afirmaram que Hugo Motta tomou sozinho a decisão de pautar a PEC, sem consultar os senadores.
De acordo com os relatos, Motta procurou Alcolumbre para conversar sobre o tema mais de três horas depois de o texto principal da PEC ser aprovado no plenário da Câmara. Segundo essas fontes, a votação foi um "movimento surpresa" dos deputados.
Já aliados de Hugo Motta dizem que o presidente da Câmara conseguiu a aprovação de uma PEC em defesa dos parlamentares, algo que nem mesmo o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), havia conseguido no passado - e que isso, portanto, o fortalece.
A avaliação desses interlocutores de Motta é que os senadores sempre foram simpáticos à proposta, que também os protege, mas recuaram após a repercussão negativa em relação ao texto.