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Chantagem tarifária de Trump frustra planos de pequenas empresas brasileiras de exportar para os EUA


Tarifaço corta planos de pequenas empresas brasileiras de exportar para EUA

A chantagem tarifária de Donald Trump frustrou os planos de empresas brasileiras pequenas de exportar para os Estados Unidos.

A embalagem já estava com informações em português e inglês. Era para o maior contrato da pequena fábrica de chocolate de São Paulo: mais de quarenta toneladas por mês.

"A exportação para os EUA seria importante para o meu negócio porque seria um volume 20, 30 vezes maior do que eu vendo hoje no Brasil", diz a empresária Josiane Luz.

Só que a tarifa de 50% cobrada pelo governo Trump deixou o produto da Josiane caro demais para o consumidor americano. E o cliente desistiu da compra.

"A proposta dele foi absorver 25%, a gente tentar chegar num acordo e a gente absorver 25%. Só que hoje nós não temos margem para absorver 25%".

Por um triz, a Josiane não teve num prejuízo que poderia colocar em risco o futuro da empresa. Em setembro, as máquinas teriam que ser trocadas por outras maiores, mais modernas e mais caras. Para dar conta da demanda, ainda seria necessário mais que dobrar o número de funcionários.

Um investimento inicial de cerca de R$ 3 milhões. Todo o projeto teve que ser suspenso. Outra empresa, do Amapá, chegou a produzir uma encomenda. E, agora, está com duas toneladas e meia de café com açaí paradas no estoque.

A mistura inovadora chamou a atenção dos americanos porque reduz impactos ambientais, usando o descarte de caroços de açaí, e gera renda para a população local.

A exportação para os Estados Unidos seria o passaporte para uma nova era nos negócios.

"Esperaria se consolidar, expandir a capacidade de produção por causa dessa demanda, contratar novos funcionários e aumentar o faturamento, que é o sonho de todo micro e pequeno empresário", diz Lázaro Gonçalves, diretor operacional.

O número de micro e pequenas empresas que exportam cresceu 120%, nos últimos 10 anos, no Brasil. Em 2024, quase um terço delas vendeu para os Estados Unidos.

O Sebrae diz que está pronto para ajudar os setores afetados, com financiamentos e escoamento dos produtos, dentro e fora do país.

"Nós abrimos agora, nos dois últimos anos, cerca de 300 novos mercados. Nós já construímos aqui uma orientação nacionalizada para oferecer a eles o atendimento rápido e seguro, a fim de que ele proteja o seu negócio e possa superar as dificuldades decorrentes das taxações americanas", diz Décio Lima - presidente do Sebrae.

É o que as empresas esperam conseguir. A de café está buscando novas parcerias no Chile e no Panamá. A de chocolate vai tentar mercados no Oriente Médio e na Ásia. Mas o sonho do contrato com os Estados Unidos não acabou.

É o que as empresas esperam conseguir. A de café está buscando novas parcerias no Chile e no Panamá. A de chocolate vai tentar mercados no Oriente Médio e na Ásia.

Jornal Nacional

"Acredito que logo, logo a gente vai recontratar as pessoas e continuar a exportar, e aquilo que a gente tinha como meta vai acontecer", afirma Lázaro.

"Eu acho que EUA não é um adeus, a gente pensa em um até logo. A saída é buscar neste momento outros mercados", comenta Josiane.

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