Zeus já atuou como líder do tráfico em Vilhena (RO). Após ser preso, ele foi transferido para Porto Velho, onde dividiu espaço com Fernandinho Beira-Mar, um dos traficantes mais conhecidos do país. Zeus, apontado pela polícia como o chefe do tráfico na Muzema
Reprodução/ TV Globo
O homem apontado como chefe do tráfico de drogas na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e financiador da expansão de uma facção criminosa na região, já atuou como líder do tráfico em Vilhena (RO). Segundo a Polícia Civil, ele conheceu Fernandinho Beira-Mar enquanto cumpria pena no presídio federal em Porto Velho.
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De acordo com a polícia, Luiz Carlos Bandera Rodrigues, conhecido como “Da Roça” e “Zeus”, comandava o tráfico em Vilhena em 2015. Após ser preso, ele foi transferido para Porto Velho, onde dividiu espaço com Fernandinho Beira-Mar, um dos traficantes mais conhecidos do país, detido no local em 2012.
Segundo a investigação, Luiz Carlos foi liberado da prisão anos depois e se mudou para o Rio de Janeiro. Com o avanço da pandemia, ele passou a se esconder na capital fluminense e, de acordo com o Ministério Público e a Polícia Civil do Rio, passou a investir na expansão do Comando Vermelho na comunidade da Muzema, enfrentando a milícia que já atuava na região.
Operação
Luiz foi um dos alvos da operação deflagrada nesta terça-feira (13) pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. A ação teve como objetivo desarticular a atuação do Comando Vermelho na Zona Oeste do Rio. Ao todo, os agentes visam cumprir 22 mandados de prisão e 39 de busca e apreensão.
Zeus nasceu em Fortaleza, mas se tornou um dos chefes do tráfico de drogas no estado de Rondônia. Após a ocupação pela facção criminosa, ele ganhou espaço com nomes da cúpula do Comando Vermelho, principalmente com Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. Por isso, Luiz Carlos passou a ser o chefe do tráfico da comunidade. Ambos foram denunciados pelo MPRJ.
Além da exploração do comércio de entorpecentes, Zeus passou a controlar o roubo de veículos e cargas na região, a cobrança de taxas a moradores e comerciantes, além da exploração de serviços ilegais de internet e TV a cabo.
De acordo com os investigadores, o grupo também realiza a tomada de imóveis na região. O lucro das atividades criminosas é dividido entre ele e o Comando Vermelho da Penha. Com dinheiro em caixa, o traficante passou a financiar a tomada de outra comunidade: Rio das Pedras. A área também é alvo de disputa entre traficantes e milicianos.
Um dos principais comparsas de Zeus, João Vinícius Tavares Corrêa, apontado pelos investigadores como o braço direito do traficante, foi preso nesta terça em Porto Velho.
Presos influentes impactam o crime fora das celas, diz especialista
De acordo com Marcos Freire, especialista em segurança pública, mesmo com o alto nível de segurança da Penitenciária Federal de Porto Velho, a presença de líderes do crime organizado no estado pode influenciar diretamente na dinâmica do tráfico e da violência em Rondônia.
Segundo Marcos, chefes do crime mantêm comunicação com o exterior mesmo atrás das grades. Ele explica que as informações circulam de forma constante por meio de telefonemas, visitas e até advogados.
“Sim, tem, clara [influência]. Isso é uma lógica desses grupos faccionados. Essas informações entram e saem do presídio continuadamente", afirmou.
Além disso, quando um criminoso de alto escalão é transferido para o presídio federal, pessoas do círculo de confiança dele também passam a circular pelo estado. Esse movimento pode provocar articulações entre o crime organizado local e as facções nacionais.
“Quando o criminoso vem pra cá, o staff dele vem junto. Que seja quando o advogado vem, que seja quando os familiares vêm visitar, o cara procura os criminosos daqui. Você acaba vendo ele como sendo o representante maior daquilo que eles estão fazendo", explicou o especialista.
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