Doulos Phos The Ship Hotel fica em uma ilha em formato de âncora na Indonesia.
Reprodução/Instagram/@doulosphostheshiphotel
A embarcação que já foi considerada o navio de passageiro mais antigo ainda existente no mundo foi transformado em um hotel de luxo em uma ilha Indonésia. Construído em 1914, o SS Medina já foi cargueiro, teve uma fase militar, virou cruzeiro e até uma biblioteca flutuante missionária.
Hoje, rebatizado de Doulos Phos The Ship Hotel, o transatlântico com 111 anos ganhou nova vida em terra firme, em um terreno aterrado e em forma de âncora, em Bintan, ilha tropical da Indonésia conhecida por resorts à beira-mar.
O responsável pela transformação é o empresário de Cingapura Eric Saw, de 74 anos, que gastou 15 anos e a própria fortuna para impedir que a embarcação fosse desmontada como sucata.
Doulos Phos The Ship Hotel.
Reprodução/Instagram/@doulosphostheshiphotel
“Se eu não tivesse esse projeto, talvez tivesse uma Ferrari e uma Lamborghini na garagem. Mas senti que era um chamado de Deus”, disse Saw em entrevista à CNN.
O SS Medina começou sua história transportando cebolas e outros produtos. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu ao exército americano. Depois, virou navio de passageiros, cruzeiro de luxo em, ao final de sua trajetória ainda navegando, uma biblioteca flutuante missionária, sob o nome MV Doulos, chegando a visitar mais de 100 países.
Durante essa fase, o navio chegou a ser atacado com granadas por separatistas muçulmanos nas Filipinas em um incidente terrorista em 1991. Na ocasião, dois evangelistas foram mortos.
Em 2010, sem condições de navegar e prestes a ser desmontado, foi arrematado por Saw em um leilão, por 900 mil euros (cerca de US$ 1,1 milhão). A partir daí, começou o longo processo de restauração. O navio foi levado para terra firme em 2015, com ajuda de guindastes, rolos de ar e uma plataforma de concreto construída especialmente para recebê-lo.
Cabine do Doulos Phos The Ship Hotel.
Reprodução/Instagram/@doulosphostheshiphotel
Como é o hotel
O hotel mistura modernização e memória. Elevadores, sistemas de segurança e novos encanamentos foram instalados, mas marcas do passado foram mantidas: seis botes salva-vidas ainda estão pendurados nas laterais, o motor antigo permanece intacto e parte das cabines originais foi preservada para hóspedes que queiram a experiência de dormir em um espaço semelhante ao do navio no passado.
O projeto de reforma custou cerca de US$ 18 milhões — quase 100 milhões de reais. Parte da embarcação foi preservada: a hélice gigante, antes submersa, hoje está exposta, assim como o casco de 130 metros de comprimento, construído com placas de aço unidas por rebites.
Varanda de um dos quartos do Doulos Phos The Ship Hotel.
Reprodução/Instagram/@doulosphostheshiphotel
No interior, corredores de teto baixo levam a cerca de 100 cabines e suítes. Algumas mantêm as tradicionais janelas redondas, enquanto outras ganharam varandas privativas com vista para o mar. Os preços variam entre US$ 105 e US$ 235 por noite.
Apesar do valor das diárias, o empresário afirma que não recebe salário — apenas US$ 1 simbólico por ano — e que todo o lucro do hotel vai para causas sociais cristãs.
“Ela é só uma massa de aço. O que fazemos com ela é o que dá significado”, disse sobre a embarcação, que ele chama carinhosamente de “a grande dama dos mares”.
Preservação e turismo revelam potencial de negócios das águas da Bahia