Corpo de médica morta após passar mal ao denunciar violência psicológica é enterrado
Foi enterrado neste sábado (20) no Cemitério Bosque da Esperança, em Belo Horizonte, o corpo da médica Maggy Lopes da Costa, de 66 anos. Ela passou mal e sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma reunião de trabalho no Centro de Saúde Ventosa, na Região Oeste da capital, ao denunciar situações de violência psicológica que vinha sofrendo.
Maggy atuava no Sistema Único de Saúde (SUS) de BH desde 2007. Nos últimos 12 anos, trabalhava na unidade do bairro Ventosa. Querida por colegas e pacientes, a médica de saúde da família era reconhecida pela dedicação à profissão.
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Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte lamentou a morte da profissional, disse se solidarizar com familiares e amigos e destacou que mantém ações de apoio psicológico a trabalhadores da rede.
Segundo colegas, Maggy começou a sofrer pressão depois de se recusar a emitir um laudo de autismo para o filho de um paciente, explicando que essa avaliação só pode ser feita por uma equipe multiprofissional.
A partir da recusa, a médica relatou ter sido alvo de ameaças, difamações em redes sociais e agressões verbais. Ela chegou a denunciar a situação.
"Ela foi ofendida na sua honra profissional e pessoal por um líder comunitário, embora essa profissional estivesse atuando de forma correta - ela não teria condições de fazer o que tinha sido solicitado", afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos de MG, André Cristiano dos Santos.
Nesta semana, a médica participava de uma reunião com integrantes de uma comissão para tratar das denúncias de violência contra os profissionais. Ela teve uma parada cardiorrespiratória e foi reanimada por colegas, mas precisou ser internada. Nesta sexta-feira (19), Maggy não resistiu e morreu.
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Sindicato aponta cenário de violência na saúde
Representantes do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais afirmam que o caso evidencia o cenário de violência crescente contra profissionais da saúde em Belo Horizonte.
Apenas entre janeiro e junho deste ano, foram registradas mais de 600 ocorrências em unidades da rede municipal, uma média de três casos por dia, segundo o sindicato. Houve episódios de violência verbal, psicológica, patrimonial, física e até de assédio sexual.
A categoria também critica a proposta da Prefeitura de Belo Horizonte de substituir guardas municipais por monitoramento por câmeras dentro dos postos de saúde. Para o sindicato, a medida enfraquece a segurança e deixa unidades ainda mais vulneráveis.
Médica Maggy Lopes da Costa, de 66 anos, morta após passar mal em reunião que denunciava ameaças sofridas por profissionais da saúde em Belo Horizonte
Arquivo pessoal
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