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Corpo encontrado em mala: saiba como suspeito de esquartejamento foi preso após morte de mulher em pousada, segundo polícia


Preso suspeito de deixar mala com parte de corpo em rodoviária no RS

A investigação do caso que culminou na prisão de um homem suspeito de esquartejar e espalhar partes do corpo da vítima em Porto Alegre, revelou que duas pousadas da Zona Norte da Capital foram centrais na dinâmica do crime e na captura do suspeito.

Segundo a Polícia Civil, o assassinato aconteceu no dia 9 de agosto, dentro da primeira pousada onde o suspeito residia há alguns meses. Foi nesse local que ele teria preparado o ambiente para cometer o assassinato e o desmembramento da vítima, utilizando lona, fita e vedação para isolar o cômodo.

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O suspeito preso preventivamente pelo crime é o publicitário Ricardo Jardim, de 66 anos. Em 2018, ele foi condenado a 28 anos por matar e concretar a mãe.

Já a confirmação da identidade da vítima depende de comparação genética com amostras da família. A cabeça do corpo não foi localizada, o que também dificulta a conclusão de laudos periciais, segundo os investigadores.

No entanto, a Polícia Civil acredita que a vítima seja uma mulher com 65 anos, moradora de Porto Alegre e natural de Arroio Grande, que trabalhava como manicure. Essa mulher, com quem ele mantinha um relacionamento casual, também estaria morando na mesma pousada.

Após o crime, Ricardo teria permanecido na pousada por alguns dias. No dia 13 de agosto, ele teria descartado os primeiros membros da vítima em um bairro da cidade. Já no dia 20, deixou uma mala com o torso da mulher no guarda-volumes da rodoviária de Porto Alegre. A mala permaneceu no local por 12 dias até ser descoberta por um funcionário, devido ao odor.

Na manhã deste sábado (6), uma perna humana foi encontrada na areia da orla de Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre. O delegado Mario Souza, diretor do Departamento de Homicídios do RS, acredita que a perna possa ser da mesma pessoa.

"Há uma grande probabilidade, de acordo com a avaliação dos investigadores, que seja da mesma vítima. Nós trabalhamos com essa possibilidade. Isso vai ser confirmado com a perícia que vai ser realizada", explica o delegado.

Corpo foi encontrado dentro de mala em guarda-volumes da Estação Rodoviária de Porto Alegre

Jonathan Heckler/Agência RBS

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Vídeo mostra suspeito deixando mala em rodoviária

Movimentação entre pousadas

A movimentação entre pousadas foi um dos elementos que ajudaram a polícia a traçar o trajeto do suspeito. Após sair da primeira pousada, ele foi visto com uma mala e se dirigiu a um segundo estabelecimento. A polícia acredita que o descarte final das partes restantes ocorreu nesse intervalo.

A identificação do suspeito foi possível graças à investigação tradicional: policiais refizeram o trajeto do homem a partir da rodoviária, analisando imagens de câmeras de segurança de 34 estabelecimentos. Em uma delas, ele aparece sem máscara em um supermercado, o que permitiu a identificação facial. A partir daí, os agentes localizaram a primeira pousada e, posteriormente, a segunda, onde ele havia se hospedado com nome falso.

Foi na segunda pousada que a prisão foi efetuada, na quinta-feira (4). O suspeito foi abordado pelos policiais enquanto tomava café, e levado ao quarto onde estava hospedado. Lá, foram encontrados comprovantes de transações bancárias entre ele e a vítima, além dos cartões dela, reforçando a hipótese de motivação financeira.

Caso do corpo em mala: publicitário Ricardo Jardim foi preso nesta sexta-feira

Ronaldo Bernardi/Agência RBS

A polícia ainda busca a cabeça da vítima, que não foi localizada até a última atualização. O delegado responsável pela investigação afirmou que o suspeito não revelou onde a descartou, mas indicou que sabia da aproximação da polícia e se desfez da parte final do corpo.

A investigação segue com foco na análise dos eletrônicos apreendidos, que podem revelar mais sobre o histórico do suspeito, inclusive o uso de perfis falsos em redes sociais para atrair mulheres.

Exame de DNA e coleta com familiares

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que os membros encontrados em 13 de agosto, na Rua Fagundes Varela (Zona Leste), e o torso deixado em mala no guarda-volumes da rodoviária, identificado no dia 1º de setembro, pertencem a mesma pessoa.

O IGP também relatou que, a partir dos nós dos sacos de lixo que envolviam os fragmentos, foi extraído um perfil genético masculino que coincidiu com o de um condenado no Banco de Perfis Genéticos do RS, resultado que sustentou o pedido de prisão do suspeito.

A etapa que segue é o comparativo com DNA da família para fechar a identificação da vítima.

Na coletiva realizada na sexta-feira (5), a Polícia Civil reiterou que a coleta de material dos familiares será feita para a confirmação formal e que a família, do interior do RS.

O que a polícia já estabeleceu sobre a dinâmica

Depósito da mala: câmeras mostram um homem deixando a mala no dia 20 de agosto no guarda-volumes da rodoviária. O volume ficou no local por cerca de 12 dias, até ser aberto pela equipe do setor devido ao odor;

Planejamento e ocultação: o autor removeu as pontas dos dedos dos membros para dificultar a identificação e deixou a cabeça por último, estratégia que, segundo a polícia, visava retardar o reconhecimento da vítima;

Relacionamento e possível motivação: segundo a investigação, o suspeito mantinha relacionamento com a vítima e tentou usar os cartões dela. Comprovantes de transações entre ambos foram encontrados. A motivação financeira é apurada;

Apreensões: com o suspeito, os policiais apreenderam celulares e notebook material será periciado após pedidos judiciais de acesso aos dados;

Classificação do crime: a Polícia Civil trata o caso, neste momento, como feminicídio. Laudos complementares devem apontar a causa da morte quando houver reunião de todas as partes do corpo.

Infográfico - Linha do tempo: homem preso após abandonar mala com corpo na rodoviária de Porto Alegre

Arte/g1

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