Lula e presidente da Nigéria em evento no Planalto.
Ricardo Stuckert/ Presidência da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu na manhã desta segunda-feira (25), no Palácio do Planalto, o presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, que faz uma visita de Estado ao Brasil.
A agenda com Tinubu faz parte da estratégia de Lula de retomar a aproximação com países africanos, aposta que ganhou importância diante do tarifaço para entrada de produtos brasileiros nos EUA.
O Brasil foi sobretaxado em 50% pelo presidente americano, Donald Trump, enquanto a Nigéria está com a tarifa em 15%.
Lula articula resposta conjunta com Brics ao tarifaço
💵A Nigéria é o país com maior economia e população do continente africano. Em 2024, o comércio com o Brasil somou US$ 2 bilhões. O governo brasileiro acredita que é possível ampliar essa corrente comercial.
No ano passado, as exportações brasileiras para a Nigéria alcançaram US$ 978,5 milhões com envio de produtos como açúcares e melaços (74%), álcoois e derivados (5,7%) e outros itens da indústria de transformação e agrícola.
Já as importações do Brasil da Nigéria bateram US$ 1,1 bilhão, incluindo adubos e fertilizantes (48%), óleos combustíveis e petróleo bruto (48%), gás natural (2,3%) e outros produtos da indústria de transformação.
Lula discute ampliação do intercâmbio comercial com o presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, na Cúpula do Brics
Ricardo Stuckert / PR
Aproximação com a África
Lula e Tinubu se reuniram em julho, no Rio de Janeiro, à margem da cúpula do Brics. A Nigéria é um dos dez países parceiros do grupo, alvo de críticas do governo dos EUA.
Na ocasião, os dois presidentes destacaram a intenção de ampliar os negócios entre os países. Tinubo, à época, demostrou interesse em estabelecer cooperação para aumentar a produtividade do setor agropecuário e citou a Embrapa como referência em pesquisa e inovação agrícola.
Também em julho, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, liderou uma missão empresarial à Nigéria, a fim de captar parcerias econômicas.
Alckmin, que coordena o comitê de resposta ao tarifaço, estará novamente com Tinubu na tarde desta segunda, no encerramento de um fórum empresarial Brasil-Nigéria, organizado em parceria pelos governos brasileiro e nigeriano e o Sebrae.
Busca por novos mercados
Desde 6 de agosto, uma série de produtos brasileiros, como carne, café e máquinas, pagam 50% de sobretaxa para entrar nos EUA.
O Planalto considera a negociação com os EUA travada, já que Trump exige o término dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.
Para socorrer as empresas afetadas, o governo brasileiro definiu uma série de medidas, como linhas de crédito e adiamento do pagamento de impostos. Em outra frente, busca novos mercados pelo mundo.
Nessa estratégia, Lula conversou por telefone com os presidentes da China, Xi Jinping, e da França, Emmanuel Macron, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Lula também planeja uma viagem à Indonésia e Malásia em outubro e tem recebido chefes de Estado em Brasília.
Além de Tinubo, esteve com o presidente do Equador, Daniel Noboa, e terá reunião na quinta-feira (8) com o presidente do Panamá, José Raúl Molino.
As visitas começaram a ser negociadas antes do tarifaço, mas já em um cenário que antevia a guerra comercial iniciada pelo governo norte-americano.