G1

Estudo detecta mercúrio em peixes do rio Madeira e alerta ribeirinhos para riscos à saúde


Estudo detecta mercúrio em peixes do rio Madeira e alerta ribeirinhos para riscos à saúde.

Gustavo Rodrigues/UEA

Pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por meio do Grupo de Pesquisa Química Aplicada à Tecnologia (GP-QAT/UEA), identificaram contaminação por mercúrio em peixes da bacia do rio Madeira durante a expedição “Iriru 3”, parte do Programa de Monitoramento da Água, Ar e Solos do Estado do Amazonas (ProQAS/AM).

Segundo a UEA, a campanha analisou água, peixes e sedimentos em 54 pontos ao longo de mais de 1.700 km do rio, avaliando 164 parâmetros do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Entre as espécies analisadas estão jaraqui, pacu, matrinxã, traíra e sardinha, consumidas pelas comunidades ribeirinhas.

A engenheira ambiental Silvana Silva, responsável pela análise de mercúrio e metilmercúrio, explicou que a contaminação está associada à atividade de garimpo ilegal, que utiliza mercúrio no processo de separação do ouro. Ela destacou que essa prática degrada a qualidade da água, aumenta o assoreamento e contribui para a contaminação dos peixes.

​​📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp

“O monitoramento contínuo permite identificar padrões de contaminação ao longo do rio, oferecendo subsídios para que ações preventivas e educativas sejam planejadas junto às comunidades. É um passo fundamental para minimizar impactos na saúde humana e na preservação dos ecossistemas locais”, explicou.

O biólogo e chefe da expedição, Adriano Nobre, afirmou que os resultados permitem identificar trechos mais vulneráveis do rio, acompanhar alterações ambientais e fornecer dados para políticas públicas e ações de conservação, beneficiando a saúde das comunidades locais.

“Nosso trabalho permite registrar alterações ambientais de forma detalhada, acompanhar impactos progressivos e gerar dados que orientem o planejamento de políticas públicas e programas de preservação, contribuindo para o uso sustentável dos recursos naturais e para a conscientização das comunidades locais”, disse.

O coordenador do ProQAS/AM, professor Duvoisin Junior, ressaltou a robustez da infraestrutura laboratorial do GP-QAT/UEA, que permite analisar múltiplos parâmetros ambientais em tempo real e gerar dados detalhados sobre a qualidade da água, dos sedimentos e das espécies de peixes.

“A robustez da infraestrutura laboratorial é inédita na região e permitirá análises detalhadas de múltiplos parâmetros ambientais, possibilitando que os resultados sirvam de referência para estudos semelhantes em outras áreas da Amazônia”, disse.

Para o reitor da UEA, André Zogahib, a pesquisa reforça a relevância da ciência na Amazônia e a importância das parcerias nacionais e internacionais, contribuindo para o desenvolvimento científico e sustentável da região.

“A experiência das equipes envolvidas fortalece a capacidade da UEA de gerar informações estratégicas sobre fenômenos ambientais complexos, identificar alterações químicas e biológicas na água e nos ecossistemas. Esse trabalho como um todo eleva a ciência na Amazônia e a parceria com instituições nacionais e internacionais é fundamental complementando esse estudo para promover o desenvolvimento científico e sustentável a nível internacional”, destacou.

A maior parte das amostras coletadas, na expedição iniciada no dia 9 de agosto, será submetida a estudos em laboratórios da Escola Superior de Tecnologia (EST/UEA). As análises de mercúrio e metilmercúrio serão levadas ao laboratório da Harvard John A. Paulson School of Engineering and Applied Sciences, parceira internacional do grupo, em Boston, nos Estados Unidos.

Estudo detecta mercúrio em peixes do rio Madeira

Gustavo Rodrigues/UEA

Monitoramento ambiental histórico no Amazonas: UEA lidera estudo de larga escala no rio Madeira

Gustavo Rodrigues/UEA

Extração ilegal de ouro no rio Madeira: 300 balsas inutilizadas em um ano

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.