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Estudo revela os diferentes graus de impacto do tarifaço americano em cada região brasileira


Primeiro mês do tarifaço teve impactos diferentes em cada região do Brasil

O primeiro mês do tarifaço de Donald Trump teve efeitos diferentes em cada região do Brasil.

Para se aventurar em águas internacionais, uma marca de pescados investiu: comprou fábrica, contratou gente e pescou muita lagosta - que ainda não saiu da caixa. Culpa do tarifaço.

“A lagosta, como é um produto caro e a gente tem uma concorrência muito pesada da América Central, ela simplesmente parou. A gente não tem mais previsão de embarque para o ano de 2025. A gente deve ficar com 12,5% esse ano do que a gente vendeu em 2024”, diz Thiago de Luca, CEO da Frescatto.

Os pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, usaram a base de dados do governo federal para medir os efeitos da sobretaxa. Os números mostram que as exportações brasileiras para os Estados Unidos recuaram 27,7% no intervalo de um mês; 18,5% na comparação ano a ano.

Na Região Sudeste, a que mais vende para os Estados Unidos, queda de 38% em um mês. A queda da região Nordeste impressiona: 52,7% entre julho e agosto. Só que na comparação ano a ano, o saldo é positivo. O que indica, segundo a pesquisa, um grande volume antecipado de vendas no mês de julho, para fugir da sobretaxa.

“Essas informações têm o objetivo de ajudar o governo federal a ser muito mais focalizado e certeiro nas suas medidas de políticas públicas para ajudar não só estados, mas diversos segmentos a superar o mais rápido possível essa situação”, diz Flavio Ataliba, pesquisador do FGV Ibre.

Esse estudo resume o impacto do tarifaço até aqui como rápido, profundo e desigual. Os pesquisadores da FGV dizem, no entanto, que ainda é cedo para medir o efeito que tudo isso está provocando no emprego. É preciso aguardar os próximos meses, inclusive porque os setores estão se reorganizando, buscando novos mercados, o que pode amenizar ou até mesmo reverter prejuízos.

Enquanto tenta encontrar novos clientes na Europa e na Ásia, uma fábrica que processa castanhas no Ceará precisou enxugar gastos.

“A gente teve que traçar soluções, alternativas de redução de banco de horas, férias, para que nenhuma medida mais difícil tenha que ser tomada”, conta Thiago Taumaturgo, diretor-executivo da Usibras.

Já as lagostas pescadas sob medida para os pratos norte-americanos agora estão só no aguardo de alguma panela chinesa:

“O pescado brasileiro é conhecido como de alta qualidade no mundo todo, mas a gente precisa de tempo, a gente precisa de tempo para conseguir suportar esse impacto inicial tão forte que o setor teve”, afirma Thiago de Luca, CEO da Frescatto.

Estudo revela os diferentes graus de impacto do tarifaço americano em cada região brasileira

Reprodução/TV Globo

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