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Filho de Netanyahu ironiza Macron por reconhecer Estado Palestino e cita territórios ligados à França


Emmanuel Macron em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em 22 de setembro de 2025.

Reuters/ Eduardo Munoz

O filho do primeiro-ministro de Israel Yair Netanyahu ironizou o presidente francês, Emmanuel Macron, que reconheceu o Estado da Palestina na ONU na segunda-feira (22).

"Declaro hoje que reconheço o Estado da Córsega, o Estado da Nova Caledônia, o Estado da Polinésia Francesa, o Estado do País Basco, o Estado da Guiana Francesa, o Estado de Mayotte, o Estado de Reunião e o Estado da Bretanha!", afirmou Yair em publicação na rede social X na noite de segunda.

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Os territórios citados pelo filho de Benjamin Netanyahu são territórios, regiões administrativas e ex-colônias que atualmente fazem parte da França. Veja abaixo:

Córsega: ilha no Mar Mediterrâneo e região administrativa da França, anexada em 1769;

Nova Caledônia: território ultramarino francês no Pacífico Sul, colonizado no século XIX e administrado pela França desde então;

Polinésia Francesa: território ultramarino francês no Pacífico, colonizado pela França no século XIX, ainda ligado à França;

País Basco: região cultural e histórica que se estende entre a Espanha e a França. A parte francesa, no sudoeste, é considerada uma região interna do país. O País Basco tem histórico separatista;

Guiana Francesa: departamento ultramarino da França na América do Sul. Começou como colônia, mas foi incorporada como uma região francesa;

Mayotte: ilha e região ultramarina francesa no Oceano Índico, adquirida pelo país no século XIX;

Reunião: ilha do Oceano Índico que é região ultramarina francesa desde o século XVIII, antiga colônia francesa incorporada à França;

Bretanha: região no extremo oeste da França.

Macron disse que reconhecer a existência da Palestina é uma "responsabilidade histórica" e necessária para preservar a possibilidade da implementação da solução de dois Estados e abrir caminho para a paz entre israelenses e palestinos (leia mais abaixo). O presidente francês fará outro discurso nesta terça-feira, quando começa oficialmente o debate geral.

Ativo nas redes sociais e com mesma orientação que seu pai, Yair é uma figura polêmica dentro de Israel. Ele foi muito criticado no quando a guerra contra o grupo terrorista Hamas estourou, em outubro de 2023, por estar em Miami, nos Estados Unidos, e também por não ter se alistar ao Exército israelense.

Yair ainda compartilhou nas redes sociais uma mensagem que chamou Macron de um "idiota incrivelmente útil" e dava a entender que o líder francês estava sendo usado por um movimento do Ocidente para prejudicar Israel.

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Macron reconhece Estado Palestino

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira (22) o reconhecimento do Estado palestino. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, ele disse que a decisão busca a paz entre israelenses e palestinos.

“Recai sobre nós uma responsabilidade histórica. Devemos fazer todo o possível para preservar a própria possibilidade de uma solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança”, afirmou Macron.

A França abriga as maiores comunidades judaica e muçulmana da Europa. Com a decisão, o país deve impulsionar um movimento que, até agora, era liderado por nações menores e mais críticas a Israel.

Macron já havia revelado em julho que iria anunciar a medida na Assembleia. Na época, o anúncio do presidente francês foi condenado por autoridades israelenses. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alegou em um comunicado que a decisão da França "recompensa o terror e corre o risco de criar mais um representante do Irã".

Atualmente, mais de 140 países reconhecem o Estado Palestino, entre eles o Brasil. Outro movimento mais recente de reconhecimento foi feito por Reino Unido, Canadá e Austrália no último domingo (21).

Os reconhecimentos têm sido vistos como um sinal político contra a expansão de assentamentos e a presença militar israelense em Gaza. França e Arábia Saudita lideram uma ação diplomática para influenciar outros países a favor da Palestina.

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Além dos três países anglo-saxônicos, o governo de Portugal também oficializou seu reconhecimento do Estado palestino no domingo (21). Outros países europeus, como França e Bélgica, expressaram a intenção de oficializar o reconhecimento.

Com isso, a quantidade de países europeus que evitavam oficializar a medida diminuiu. Antes de uma série de formalizações entre 2024 e 2025, a maior parte dos reconhecimentos era limitada a antigos países comunistas, assim como Suécia, Islândia e Chipre.

Em 2024, Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia romperam uma paralisia europeia de uma década e se juntaram à lista de países que reconhecem o Estado palestino.

A Assembleia Geral da ONU aprovou o reconhecimento de fato do Estado da Palestina em novembro de 2012, elevando o seu estatuto de observador no organismo mundial para "Estado não membro".

Nas Américas, só um punhado de países ainda não reconhece o Estado palestino, incluindo os EUA e o Panamá. Na Europa, entre os países que ainda evitam a medida, estão a Alemanha, Itália, a Áustria e as nações do Báltico.

Ao todo, cerca de 80% dos 193 países-membros da ONU reconhecem oficialmente um Estado palestino.

A lista aumentou com a adição de mais de uma dúzia de países desde 2024, num momento em que Israel trava uma guerra na Faixa de Gaza e vem intensificando a expansão de colônias na Cisjordânia, os dois territórios habitados por palestinos.

* Com informações da Deutsche Welle

Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal reconhecem o Estado da Palestina

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