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Final do concurso da Mangueira terá sambas de compositores do Amapá


Quatro obras do Amapá sobre o Mestre Sacaca disputam final da seletiva na Mangueira

Quatro sambas de enredo com participação de compositores do Amapá estão na final do concurso que vai definir o hino oficial da Estação Primeira de Mangueira para o desfile na Sapucaí em 2026. A seleção aconteceu neste sábado (20), no Rio de Janeiro.

Os sambas de número 103 e 105 já haviam conquistado vaga na etapa estadual. Agora, os sambas 11 e 15 se juntam à disputa final, que será realizada no sábado (27). (Leia as composições na íntegra ao fim desta matéria)

O samba 103 é assinado por Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul. Já o 105 tem como autores Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa.

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O samba 11 foi composto por Wendel Uchoa, Alexandre Naval, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço. O de número 15 tem autoria de Joãozinho Gomes, Pedro Terra, Tomaz Miranda, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal.

Todos os quatro sambas finalistas contam com participação de compositores amapaenses. governador Clécio Luís celebrou o momento.

“O extraordinário aconteceu — e aconteceu através da poesia, da arte, da música, do samba, do Amapá, da Amazônia negra amapaense. Os quatro sambas que vão para a final são de amapaenses [...] isso é inédito. Viva a Estação Primeira de Mangueira, viva o Amapá, viva a Amazônia negra", disse Clécio.

Amapá na Sapucaí

O amapaense Raimundo dos Santos Souza, o “mestre Sacaca”, será homenageado no enredo da Mangueira no carnaval de 2026. O tema escolhido é: “Mestre Sacaca do encanto Tucuju – o Guardião da Amazônia Negra.”

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Leia sambas na íntegra:

Samba 11 - Compositores: Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço

Ao ecoar o som do maracá

Meu jequitibá é ritual de fé

Awê Turé! Awê Turé!

A flauta anuncia o transe do pajé

Karipuna já dançou Wajãpi no chão bradou

Tawari anuviou sereno

Mestre Sacaca é ensinamento

Na beira do rio Guardou o balanço da maré

Na pororoca carregado de axé

Sobe o Jari, seu moço ... Ê canoeiro!

Se não corre em furo d'água

Não se mete com banzeiro

Na palafita amparada de palmeiras

Deixa um presente à Estação Primeira

Folha seca pra benzer na moleira

Faz a reza Tucuju Se manifesta pra criança se curar

Ê sumano vá buscar Garrafada pra menina

Na fervura sete dias ... sete noites ao luar!

Foi na encruzilhada que se formou

No encontro dos igarapés

Quilombo vivo assentado em nossos pés

Sob a raiz do Amapá

Giram matriarcas puxando o vento

Pro divino anunciar Macacaueiro em pele de sucuriju

No tronco oco ressoou o meu tambor!

Canta! No terreiro oração se dança!

No toque de caixa ligeiro

A bandaia se faz entender Samba!

No Laguinho, rei sentinela

Com os crias da favela

A floresta vai vencer!

Xamã Babalaô! Guardião do meu Ilê!

Rompe mato e faz tremer aldeia

Caboclo Preto Velho Verde e Rosa é meu sagrado

Toca o Marabaixo, Mangueira!

Samba 15 - Compositores: Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto, Igor Leal

Finquei minha raiz

No extremo norte onde começa o meu país

As folhas secas me guiaram ao turé

Pintada em verde-e-rosa, jenipapo e urucum

Árvore-mulher, mangueira quase centenária

Uma nação incorporada

Herdeira quilombola, descendente palikur

Regateando o Amazonas no transe do caxixi

Corre água, jorra a vida do Oiapoque ao Jari

Çai erê, babalaô, mestre sacaca

Te invoco do meio do mundo pra dentro da mata

Salve o curandeiro, doutor da floresta

Preto velho, saravá

Macera folha, casca e erva

Engarrafa a cura, vem alumiar

Defuma folha, casca e erva... saravá

Negro na marcação do marabaixo

Firma o corpo no compasso

Com ladrões e ladainhas que ecoam dos porões

Ergo e consagro o meu manto

Às bençãos do Espírito Santo e São José de Macapá

Sou gira, batuque e dançadeira (areia)

A mão de couro do amassador (areia)

Encantaria de benzedeira que a amazônia negra eternizou

No barro, fruto e madeira, história viva de pé

Quilombo, favela e aldeia na fé

De Yá, benedita de oliveira, mãe do morro de mangueira

Ouça o canto do uirapuru

Yá, benedita de oliveira, benze o morro de mangueira

E abençoe o jeito tucuju

A magia do meu tambor te encantou no jequitibá

Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá

Na Estação Primeira do Amapá

Samba 103 - Compositores: Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antonio Neto, Clóvis Júnior e Marcelo Zona Sul

Sacaca, escutei uma voz.

Era você. No meio de nós,

eu sou Mangueira. Na magia da floresta

a sabedoria que respeita a terra.

O vento sopra, o transe do pajé rompe a meia-noite.

É ritual. Ture, fumaça de tawari.

O xamã Babalaô, num gole de kaxixi, encantos revelou.

Maré me leva nas águas do Curipi,

de quem sempre esteve aqui: Waiapis e Caripunas pelo Jari, esperança em cada olhar.

Ribeirinho nunca deixa de sonhar entre os furos e buritis.

Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça.

Cura o corpo, curandeiro. Benzedeira cura a alma!

Preto-velho “engarrafou” riquezas naturais.

“Caboco”, não se esqueça dos saberes ancestrais!

Bebericando gengibirra com o mestre,

“Mar abaixo”, “mar acima”, a gente segue.

Saia florida, “Sá Dona”, no Curiaú,

a fé “encruza” no “Em Canto” Tucujú.

“É de manhã, é de madrugada”,

“É de manhã, é de madrugada”,

couro de sucurijú no batuque envolvente.

Quilombola da Amazônia jamais se rende!

Eu vi... em cada oração, o corpo arrepiar,

bandeiras vibrando à luz do luar.

Tambores se encontram cantando em louvor.

Senti os sabores, aromas e cores

nas mãos que moldam nossos valores.

“Meu preto”, da mata és o griô!

Ajuremou, deixa a Juremar.

O samba é verde e rosa e guia meu caminhar.

Ajuremou, deixa Ajuremar.

Cuidado, chegou Mangueira, na ginga do Amapá.

Samba 105 - Francisco Lino e Parceria - Compositores: Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa.

Turé...

Quem invocou o ritual?

Eu trago a força ancestral

Do Povo da floresta

Banzeiro de memórias

Navegam as histórias

Onde meu país começa

Remei, Remei a maré me levou

Pra revelar o que não vês a olho nu

Todo encanto Tucuju

Tem mandinga verde-rosa

Na Estação Primeira

Mangueira vem sambar

Benzi tua bandeira

Nesse Rio caudaloso de fé

Desce o morro banhada de axé

Contra todo o mal tem garrafada

Ervas e Flores pra dores curar

Tiro quebranto nas mãos sagradas

Lição de Preto Velho, Saravá!

Xamã, Doutor, Guardião, Babalaô

Saberes vibrando no tambor

Tem Marabaixo no "Encontro" ao luar...

Encantado folião na passarela

Coroado Rei do Laguinho à Favela

Mangueira chamou: "Sacaca!"

Minha voz ecoou na mata!

O meio do mundo é a nossa aldeia

Incorporou! A Amazônia é negra!

Compositores dos sambas de enredo

Gea/Divulgação

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