EUA anunciam sanção contra a esposa de Moraes com lei Magnitsky
O governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, sancionou nesta segunda-feira (22) Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes com a lei Magnitsky, utilizada para punir estrangeiros. A decisão foi publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano.
Lei Magnitsky: entenda norma usada pelos EUA para punir Moraes e sua esposa
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Com a designação, todos os eventuais bens de Viviane nos EUA estão bloqueados, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ela. O governo americano já havia feito o mesmo com Alexandre de Moraes em julho. Nem o ministro nem a esposa podem realizar transações com cidadãos e empresas dos EUA — usando cartões de crédito de bandeira americana, por exemplo.
A sanção da esposa de Moraes com a lei Magnitsky compõe uma estratégia de retaliação do governo Trump contra o ministro do STF —o tribunal condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, a 27 anos de prisão por golpe de Estado em agosto.
Viviane é advogada e tem acompanhando Moraes em suas atividades públicas. Ela é sócia da Lex Instituto de Estudos Jurídicos, empresa de advocacia sediada em São Paulo que também foi sancionada pelos EUA nesta segunda.
Viviane e Alexandre de Moraes
Divulgação
Na época da sanção a Moraes, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, chamou o ministro do STF de "um violador de direitos humanos" e "responsável por uma campanha opressiva de censura", porém sem apresentar provas.
Ao anunciarem a sanção a Viviane, o Departamento do Tesouro americano não apresentou argumentos para a medida, e ela aparece como alvo por estar "relacionada a Alexandre de Moraes", seu marido.
Governo Trump anuncia sanção contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, em 22 de setembro de 2025.
Reprodução/Departamento do Tesouro dos EUA
Funcionários do Itamaraty que conversaram com repórteres da TV Globo em julho sob a condição de anonimato disseram considerar a aplicação da Lei Magnitsky como uma escalada da tensão entre os dois países. Eles veem a manobra como um recado de que o governo Trump cobra impunidade total para Jair Bolsonaro.
No dia 18 de julho, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, havia anunciado a revogação de vistos americanos de ministros do STF e seus parentes, citando Moraes nominalmente.
Lei Magnistky
Arte/g1
Entenda a lei Magnitsky
Entenda o que é a Lei Magnitsky
A Lei Magnitsky permite que os Estados Unidos imponham sanções a cidadãos estrangeiros. O objetivo é punir pessoas acusadas de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala.
A legislação foi criada em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitsky, que morreu na prisão após denunciar um esquema de desvio de dinheiro por membros do governo da Rússia.
O texto foi aprovado pelo Congresso americano e sancionado pelo então presidente Barack Obama em 2012.
Inicialmente, a proposta visava punir oligarcas e autoridades russas envolvidas na morte do advogado.
Em 2016, houve o entendimento de que a lei poderia ser usada também em outros casos de corrupção, vínculos com o crime organizado e violações mais amplas de direitos humanos.
No mesmo ano, a legislação foi ampliada e passou a ser considerada de alcance global.
Desde então, dezenas de pessoas já foram alvo de sanções com base na Lei Magnitsky.
Moraes na mira
EUA sancionam Moraes com lei Magnitsky
Segundo reportagem do jornal "The Washington Post" publicada no dia 17, o deputado licenciado (PL-SP) estava trabalhando com membros do governo de Donald Trump para impor sanções contra Moraes.
Duas autoridades ligadas ao governo dos Estados Unidos disseram ao "Post" que viram uma minuta da proposta de sanções circulando nas últimas semanas. Elas afirmaram que o plano deve se basear na Lei Magnitsky.
As sanções previstas pela lei são administradas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês), um órgão ligado ao Departamento do Tesouro dos EUA.
Sob condição de anonimato, um funcionário afirmou ao "Post" que a medida prejudicaria a credibilidade dos EUA na promoção da democracia, já que o país estaria sancionando um juiz de uma Suprema Corte estrangeira apenas por discordar das decisões que ele toma.
Alexandre de Moraes durante sessão em 27 de novembro de 2024
Reuters/Adriano Machado