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Ilze Scamparini destaca pontos fortes e pontos fracos dos maiores favoritos do conclave


Correspondente da Globo em Roma analisa alguns papáveis. Ilze Scamparini destaca pontos fortes e pontos fracos dos maiores favoritos do conclave

Ilze Scamparini é especialista em Vaticano; 25 anos cobrindo esse assunto. A correspondente fala quais são os pontos fortes e os pontos fracos daqueles cardeais que têm sido apontados como os favoritos, começando por Pietro Parolin.

Pietro Parolin

Pietro Parolin

Jornal Nacional/ Reprodução

“Pietro Parolin é um tipo mais diplomático do que pastor, com boa experiência como secretário de Estado, é moderado e isso agrada e pode garantir consenso. Mas para os mais progressistas, talvez seja moderado demais. Contra Parolin pesa o processo de reaproximação da Santa Sé com a China, conduzido por ele por vontade do Papa Francisco. Essa vizinhança com a China não agrada a todos, principalmente aos mais conservadores. Mas não se sabe qual será o valor disso em um contexto geral de homem bondoso e simples como é o Parolin, que seria um papa vêneto, muito bem representado no Brasil. Ele não tem experiência de pastor, mas no jubileu da adolescência, o seu carisma foi muito elogiado”.

Pierbattista Pizzaballa

Pierbattista Pizzaballa

Jornal Nacional/ Reprodução

“Pizzaballa, como o patriarca católico de Jerusalém, tem bom trânsito entre israelenses e palestinos; é crítico do governo de Israel nesse momento dramático. Fala um ótimo hebraico. Como o papa poderia representar uma grande força no processo de paz na Terra Santa. Mas é muito jovem, tem 60 anos. Isso significaria provavelmente um pontificado muito longo, de mais de 20 anos. A Igreja viveu isso com João Paulo II. Segundo ele, foi eleito com 58 anos e o governo dele durou quase 27 - e com uma longa doença no meio. Embora o papa tenha colocado essa doença a serviço da Igreja”.

Matteo Maria Zuppi

Matteo Maria Zuppi

Jornal Nacional/ Reprodução

“Matteo Zuppitem tem um perfil de pastor muito estimado. Seria um papa que anda de bicicleta, sempre sorridente, simpático, é diplomata, tem experiência de negociações de paz. Mas é visto como um Francisco II, o que pode não agradar a uma parte dos eleitores. Como Francisco, Zuppi é muito próximo dos refugiados. Ele financiou o primeiro navio da Igreja para salvar os imigrantes no Mar Mediterrâneo. Eu gostaria de fazer apenas uma ressalva: o cardeal Zuppi é um progressista que sabe ser moderado quando precisa. E essa capacidade política é vista como uma vantagem”.

Fridolin Ambongo Besungu

Fridolin Ambongo Besungu

Jornal Nacional/ Reprodução

“Besungu, o congolês, como a maioria da Igreja africana, é aberto do ponto de vista social, defende imigrantes e os mais carentes. Mas é muito fechado nas questões morais e de família. A Igreja africana nega a benção aos casais homossexuais. Foi autorizada por Francisco a não cumprir essa reforma, porque o cardeal Ambongo escreveu uma carta de sete páginas ao papa explicando que os africanos não aceitariam. De um lado, isso fez com que ele se tornasse ainda mais respeitado. Mas, para uma parte dos eleitores, é algo negativo. Não seria o primeiro papa africano. Só que o último foi há muito tempo, no século 5, Gelásio I”.

Luis Antonio Tagle

Luis Antonio Tagle

Jornal Nacional/ Reprodução

“Um papa asiático nunca existiu. Então, Tagle seria uma grande passagem histórica. Esse filipino, Luis Antonio Tagle, considerado um grande pastor, fala várias línguas, é progressista, continuaria a igreja do Papa Francisco, embora ultimamente ele tenha feito alguns passos na direção de posições mais moderadas. Ele tem grande penetração nas redes sociais e andou aparecendo até como cantor, o que também despertou alguma ironia em algumas pessoas que começaram a chamá-lo de papa karaokê”.

Favoritismo

Ilze Scamparini deu um retrato de pontos fortes e pontos fracos dos favoritos mais mencionados até agora. Como é que fica, para o conclave, aquela frase segundo a qual quem entra papável, sai cardeal?

“Na maioria dos casos, isso corresponde à realidade. Com algumas honrosas exceções, por exemplo: Paulo VI era favorito e saiu de batina branca. Pio VII também. Eu diria até o cardeal Ratzinger já era favorito poucos dias antes da eleição, e se tornou Bento XVI”.

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