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Interior do AM teve alta de mortes por Aids até 2016; Manaus segue com taxas elevadas, aponta estudo


Para esclarecer: o termo HIV é usado para se referir ao vírus da imunodeficiência humana. Já AIDS significa síndrome da imunodeficiência adquirida. Ou seja, HIV é um vírus e AIDS é uma síndrome que pode ser desenvolvida por pessoas portadoras desse vírus

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Entre 2007 e 2023, o Amazonas registrou 3.829 mortes por Aids, aponta um estudo realizado por pesquisadores do estado. A pesquisa analisou o perfil das vítimas, os fatores de risco, como esses óbitos se distribuíram ao longo do tempo e apontou desigualdades sociais e regionais que influenciam a mortalidade.

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Intitulado "Análise espacial e temporal da mortalidade por Aids no Amazonas: uma abordagem sobre iniquidades", o estudo revela que a mortalidade aumentou até 2012 e passou a cair de forma contínua nos anos seguintes.

O número de mortes por Aids cresceu 15,84% ao ano entre 2007 e 2012. A partir de 2012, houve queda média de 7,32% ao ano.

A análise espacial mostrou que, no início do período, os óbitos por Aids se concentraram em municípios do interior, como Tefé, além das regiões do Rio Solimões e Alto Rio Negro.

A partir de 2012, houve aumento nas áreas do Baixo Solimões e Baixo Amazonas. Após 2016, as mortes diminuíram no interior, mas continuaram altas em Manaus, Parintins e Autazes.

A maioria das vítimas era homem (73%), preta (90%), jovem entre 12 e 39 anos e moradora de Manaus (82%). A transmissão sexual foi responsável por 99% dos casos.

Os principais fatores de risco foram idade avançada, uso de drogas injetáveis e diagnóstico tardio, já em estágio de Aids — o que aumentou em 34 vezes a chance de morte.

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A pesquisa, premiada com o 2º lugar na 10ª Jornada Científica da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas - Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), usou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinam) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).

Foram aplicadas ferramentas como o modelo Joinpoint, mapas no QGIS e regressão logística para identificar os fatores de risco. Também foi feito o cruzamento de dados entre as bases para detalhar os óbitos.

O trabalho foi realizado pela estudante de medicina Kaísa Lindomara dos Santos Figueiredo, da Universidade Nilton Lins, coordenado pelo doutor em Ciências Biológicas Timoteo Tadashi Watanabe, e orientado pelo doutor em Epidemiologia Daniel Barros de Castro.

“A pesquisa traz uma importante contribuição social ao evidenciar as desigualdades regionais e sociodemográficas que afetam a mortalidade por Aids no Amazonas. Ela mostra claramente quais populações estão mais vulneráveis e aponta caminhos para o fortalecimento das políticas públicas, como a descentralização dos serviços de saúde, a expansão da atenção básica, a ampliação da testagem precoce e o foco em populações-chave”, afirmou Kaísa Figueiredo.

A estudante também reforçou a necessidade de se ir além dos cuidados a saúde e investir também em conhecimento para fortalecer o combate à Aids.

“É importante reforçar que a luta contra a Aids vai além do diagnóstico e do tratamento. Ela envolve também dimensões sociais, culturais e geográficas. Por isso, é essencial investir em educação, em saúde, redução do estigma e fortalecimento das comunidades mais vulneráveis, para que a resposta à epidemia seja de fato abrangente e eficaz”, observou Kaísa Figueiredo.

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