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Juros básicos caem nos EUA e ficam inalterados no Brasil


Juros básicos caem nos EUA e ficam inalterados no Brasil

No Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. Com isso, a diferença entre os juros pagos aqui e nos Estados Unidos ficou ainda maior.

Mesmo sem surpresas, um dia de decisões simultâneas sobre juros sempre traz informações importantes. É verdade que o mercado já esperava a manutenção da taxa no Brasil e a queda nos Estados Unidos. A questão agora é saber como fica a disputa pelo dinheiro do investidor, que sempre busca ganhos com taxas maiores.

Um cabo de guerra que aparece no gráfico que mostra a distância entre os juros pagos pelos dois países. Lá na época da pandemia, o intervalo era bem pequeno. Depois, aumentou quando o Brasil começou a subir as taxas para controlar a inflação. Diminuiu de novo no ano passado e agora ficou maior mais uma vez: está em 10,75 pontos percentuais.

A professora do Insper Juliana Inhasz explica que essa diferença pode trazer dólares para o Brasil.

"Essa decisão do Fed pode fazer com que o Brasil se torne mais atrativo para alguns investidores, coisa que talvez não era quando a taxa era um pouquinho maior, então eles começam a vir mais para cá. Essa entrada eventual de dinheiro de recursos especialmente de dólares que deve acontecer com esse aumento do diferencial de juros faz com que a taxa de câmbio caia. Essa redução da taxa de câmbio, favorece também eventualmente uma redução da inflação de importados dentro da economia brasileira."

O mercado de ações sentiu na hora os efeitos do corte de juros nos Estados Unidos. O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo subiu 1% e renovou, pelo terceiro dia seguido, o recorde de fechamento. O dólar, que já caiu 14% este ano, hoje fechou estável, aos R$ 5,30.

A teoria diz que os investidores se movimentam na direção de quem está remunerando melhor. Na prática, os economistas lembram que a taxa não é o único fator que pesa na decisão. Eles também olham para os riscos de apostar em um país que paga juros tão altos, o que pode atrapalhar o fluxo de dólares para cá.

No comunicado que explica a decisão de não alterar a Selic, o Copom diz que o ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. E que no Brasil o cenário segue sendo marcado por projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e mercado de trabalho aquecido.

Apesar dos pesares, o economista André Galhardo diz que o Brasil deve lucrar com a diferença dos juros pagos pelo país.

"Embora existam riscos internos que podem afastar momentaneamente investidores e especuladores, nesse momento a taxa real de juros brasileira oferece um nível de rendimento com uma segurança que nenhum outro país pode oferecer no mundo."

Juros básicos caem nos EUA e ficam inalterados no Brasil

Reprodução/TV Globo

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