Justiça condena um dos acusados de matar comissária de bordo enquanto amamentava em Paulista
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) condenou, nesta terça-feira (5), Victor Hugo Lima da Silva, de 26 anos, apontado como um dos executores do assassinato da comissária de bordo Dinorah Cristina Barbosa da Silva, morta em casa enquanto amamentava a filha de 8 meses em 2019 (veja vídeo acima).
O acusado, que estava preso preventivamente no Presídio de Igarassu, no Grande Recife, foi a júri popular no Tribunal do Júri da Comarca do município de Paulista. Ele foi condenado a 28 anos, 1 mês e 15 dias de prisão em regime fechado. A defesa pode recorrer.
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A sessão, presidida pelo magistrado Thiago Fernandes Cintra, começou de manhã e terminou no fim da tarde desta terça-feira. Victor Hugo foi o quinto dos envolvidos no crime a ser julgado. Ao todo, dez pessoas são rés na Justiça por participação no caso. Todas elas foram presas em 2020 na Operação Caixa Preta, da Polícia Civil (relembre o caso mais abaixo).
Na audiência, o Conselho de Sentença considerou o réu culpado pelo crime de feminicídio, com as qualificadoras de motivo torpe e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Procurada pela TV Globo, a defesa de Victor Hugo disse que não vai se pronunciar sobre a decisão.
Segundo as investigações, Victor Hugo foi um dos dois homens encapuzados que invadiram a casa onde a comissária de bordo morava e atiraram nela enquanto a vítima amamentava a filha pequena.
De acordo com a promotora do caso, Liana Menezes, ele chegou a confessar o crime, mas mudou a versão durante uma audiência, antes de ir a júri popular.
"Ele confessou na polícia quando houve o cumprimento do mandado de prisão. Ele confessou que, de fato, agiu a mando de Mayk (namorado da vítima que planejou crime), que recebeu R$ 4 mil reais e que agiu em conjunto com Denis, que foi o outro executor. Mas, quando ele foi interrogado em juízo, na audiência, ele negou os fatos", explicou.
Liana disse, ainda, que a motivação para um crime de feminicídio sempre é o ódio e que, com Dinorah, não foi diferente.
"A motivação é a perversidade humana que se manifestou em um ódio a essa mulher que decidiu levar a sua gravidez adiante. Porque o feminicídio é um crime de ódio contra a mulher. Ela, inclusive, foi assassinada enquanto amamentava a filha dela de oito meses e na presença da mãe dela. A motivação é porque foi determinado a ela que abortasse e ela não acatou essa determinação. E, diante disso, iniciou-se toda essa jornada de ódio em direção a ela", contou a promotora.
Dinorah Cristina Barbosa da Silva foi morta a tiros enquanto amamentava a filha de 8 meses em Paulista, no Grande Recife
Reprodução/TV Globo
Relembre o caso
O crime aconteceu em 24 de outubro de 2019, no bairro de Maranguape II, em Paulista, no Grande Recife;
Dinorah Cristina Barbosa da Silva, de 35 anos, estava dentro do quarto deitada amamentando a filha quando dois homens encapuzados invadiram a casa e atiraram contra ela;
A bebê não foi atingida nem a mãe de Dinorah, que também estava na casa;
De acordo com o inquérito policial, os envolvidos faziam campana nas proximidades da casa de Dinorah, para encontrar o momento exato para matá-la;
O crime aconteceu poucos dias após uma tentativa de homicídio sofrida por Dinorah, também dentro de casa e planejada pelo pai da criança e ex-marido dela, Mayk Fernandes dos Santos, e pela sogra dele, Maria Aparecida Brandão Batista, segundo a Justiça;
Dinorah e Mayk se conheceram no trabalho em 2018 e se relacionaram enquanto Mayk namorava outra mulher;
A comissária descobriu a gravidez em setembro de 2018;
Ao contar a Mayk, ele pediu para que ela abortasse e a levou a uma clínica de Campinas, em São Paulo, onde ele morava, para realizar o procedimento, mas Dinorah não quis;
Durante as investigações, foi descoberto que a motivação do crime foi o fato de Dinorah ter dado continuidade à gravidez;
Junto com a sogra, Mayk viajou para Pernambuco para contratar os homens para assassinar Dinorah.
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