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Lula defende reforma da ONU e multilateralismo: 'A voz do Sul Global deve ser respeitada e ouvida'

'Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis', diz Lula na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta terça-feira (23) o discurso de abertura do debate geral da 80ª edição da Assembleia Geral da ONU.

Na ocasião, o presidente brasileiro defendeu a reforma da ONU, além de mencionar a importância do multilateralismo — pauta recorrente em seus discursos durante viagens internacionais e em outras edições da assembleia.

Lula também falou sobre a importância de ter "lideranças de visão". Mencionou que a voz do Sul Global deve ser respeitada e ouvida.

"A voz do Sul Global deve ser respeitada e ouvida. A ONU tem hoje quase quatro vezes mais membros do que os 51 que estiveram na sua fundação. Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância", disse.

Lula tem apontado o Brics como o principal fórum de discussão dos países do hemisfério sul. O grupo, que reúne Brasil, China, Rússia, Índia, África do Sul e outros países, tem sido criticado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Lula afirmou que a autoridade da ONU está em "xeque" e voltou a pedir mudanças no Conselho de Segurança - o Brasil pleiteia há décadas uma vaga como membro permanente . 

O presidente também ressaltou a crise do sistema multilateral de comércio e criticou e as tarifas aplicadas sob o argumento de proteger a economia local. Por isso, a importância de recuperar a Organização Mundial do Comércio (OMC) .

"[Tarifas unilaterais] Desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral perniciosa de preços altos e estagnação. É urgente refundar a OMC em bases modernas e flexíveis", disse .

Lula é o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU nesta terça (23)

Primeira viagem após posse de Trump

Lula chegou no domingo a Nova York, onde fica a sede da ONU. Essa é a primeira viagem aos Estados Unidos desde a posse de Donald Trump, em janeiro. Pela ordem da assembleia, o presidente americano é o segundo a discursar, logo depois de Lula.

O discurso desta terça foi feito em meio à maior crise diplomática com os EUA nas últimas décadas, motivada pela imposição de tarifa de 50% a produtos brasileiros como retaliação de Trump pelos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na véspera, o governo Trump impôs novas sanções a cidadãos brasileiros, as primeiras após a condenação de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

O governo americano revogou o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, e aplicou a sanção financeira da lei Magnitsky a Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Com a sanção, todos os eventuais bens de Viviane nos EUA estão bloqueados, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ela. O governo americano já havia feito o mesmo com Alexandre de Moraes em julho.

- Esta reportagem está em atualização

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