Seis pessoas são indiciadas por sequestro de servidora pública
A mãe e a irmã de uma servidora pública do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) foram indiciadas pela Polícia Civil após a internação forçada dela devido a uma briga por herança. De acordo com a delegada Gabriela Adas, além das duas, mais quatro pessoas, incluindo os donos da clínica, foram indiciados.
Segundo a polícia, os investigados ligados ao local da internação devem responder por sequestro 22 vezes, devido à quantidade de vítimas identificadas, associação criminosa, lesão corporal e cárcere privado.
"A mãe a irmã da vítima foram indiciadas por sequestro, pela coação no curso do processo, tendo em vista que internaram essa vítima para impedir que ela participasse de uma audiência, e também vão responder pelo furto qualificado, pois subtraíram diversos objetos após a internação ilegal”, pontuou a investigadora.
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Em nota ao g1, o advogado Samuel Maia de Aquino, responsável pela defesa de Eliane de Paula Souza e de Isabela de Paula Silva informou que o indiciamento é “equivocado e desconsidera uma série de indícios que corroboram a inocência delas” (leia o pronunciamento completo ao final do texto).
A reportagem entrou em contato com a defesa do Espaço Terapêutico Jandaia, que representa Leonardo Carneiro, Christiano Carneiro e Rosane Pereira, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A defesa da outra investigada não foi localizada.
A conclusão do inquérito policial ocorreu na sexta-feira (22). O caso foi encaminhado ao Poder Judiciário.
Entenda o caso
Vídeo mostra sequestro de servidora do TJ internada à força pela mãe
Segundo a polícia, a servidora foi internada ilegalmente em uma clínica para tratamento de dependentes químicos em maio de 2025, em Goiânia. Um vídeo obtido pela TV Anhanguera mostra o momento do sequestro (veja acima).
"Essa mulher foi localizada no local cerca de 24 horas após a internação, momento em que se verificou que ela estava ali contra a sua vontade, e que não havia nenhum documento médico ou indício que comprovasse a necessidade dela estar naquele local", disse a delegada Gabriela Adas.
De acordo com a investigação, um exame toxicológico comprovou que a servidora não era dependente química.
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"Conseguimos identificar que essa clínica não tem e nunca teve autorização municipal para funcionar na condição de uma unidade de saúde, recebendo pessoas para a internação, seja de ordem voluntária ou involuntária", explicou a investigadora.
A polícia informou que a clínica teve autorização anteriormente para atuar como uma comunidade terapêutica e "não podia ser murada ou conter qualquer tipo de isolamento que impeça a saída e o transitar dos internos".
Internação forçada
Imagens da clínica e fachada da Deaem
Divulgação/Polícia Civil
Após as investigações, no dia 14 de agosto, seis pessoas foram presas suspeitas de participação no crime, entre elas a mãe e a irmã da servidora. Além disso, houve a suspensão do funcionamento da clínica.
"Na ocasião, cerca de 43 mulheres foram identificadas como internas dessa clínica. 21 delas disseram que estavam ali de forma involuntária e que haviam sido conduzidas àquele local sem qualquer indício médico e sem a sua voluntariedade, razão pela qual foram trazidas à delegacia de polícia e sendo ouvidas", destacou a delegada.
De acordo com a polícia, as internas relataram situações degradantes no local e foram levadas até a clínica com uso de força e calmantes para que não apresentassem resistência. Elas também teriam sido obrigadas a assinar uma declaração falsa de que estavam ali por vontade própria, informou a investigadora.
"Além disso, eram empregados castigos como a suspensão de luz, a suspensão e restrição de banho, agressões físicas e verbais contra essas mulheres, que, inclusive, disseram que se elas reagissem de qualquer maneira era ministrado um conjunto de medicamentos que gerava nelas sonolência e as fazia ficar inconscientes por até três dias", ressaltou Adas.
Leia a nota da defesa na íntegra
Embora já fosse previsível, o indiciamento de Eliane de Paula Souza e de Isabela de Paula Silva é equivocado e desconsidera uma série de indícios que corroboram a inocência delas. Infelizmente, criou-se uma narrativa de culpabilidade perante a sociedade, que ignora os fatos objetivos e mancha a honra de uma família já machucada por uma série de episódios de violência.
Salienta-se que o indiciamento não implica em culpa e que apenas a Justiça é competente para julgar a questão. Confio na imparcialidade do Poder Judiciário e na comprovação futura da inocência delas.
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