Em seu discurso de abertura da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a ausência da delegação palestina presencialmente na reunião e afirmou que "nada justifica o genocídio em curso em Gaza".
"Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza", afirmou Lula.
A delegação da Palestina não participa presencialmente da reunião deste ano, após o governo de Donald Trump, dos Estados Unidos, revogar todos os vistos de membros do governo palestino.
Na última sexta-feira (19), no entanto, a ONU permitiu que presidente palestino, Mahmoud Abbas, participe por videoconferência do evento em Nova York.
🔎Mahmoud Abbas é presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa parcialmente a Cisjordânia, território palestino sob forte controle de Israel, e costuma participar das Assembleias Gerais da ONU, que ocorrem anualmente.
No pronunciamento, o petista comentou a exclusão da delegação palestina da reunião. Para Lula, a decisão dos EUA de barrar a participação do grupo representa um sinal de fragilidade democrática dentro da própria ONU.
Ele também expressou admiração aos judeus que se opõem ao conflito no território.
"Em Gaza a fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. Expresso minha admiração aos judeus que, dentro e fora de Israel, se opõem a essa punição coletiva. O povo palestino corre o risco de desaparecer", disse.
Fim da crise humanitária
Lula tem feito apelos pelo fim da crise humanitária na Faixa de Gaza desde o acirramento do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O Brasil é um defensor histórico da solução de dois Estados — com um da Palestina ao lado de Israel.
"[O povo palestino] Só sobreviverá com um Estado independente e integrado à comunidade internacional. Esta é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem, aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto", prosseguiu Lula, em seu discurso.
"É lamentável que o presidente Mahmoud Abbas tenha sido impedido pelo país anfitrião de ocupar a bancada da Palestina nesse momento histórico", disse.
🔎No Conselho de Segurança, os Estados Unidos se tornaram o único os cinco integrantes permanentes a não reconhecer o Estado da Palestina. Desde 2012, a Palestina é considerada um Estado Observador Não Membro da ONU. Pode participar dos debates, mas não tem poder de voto.
O futuro do território palestino e o fim do conflito que já dura quase dois anos deve estar no centro dos debates na Assembleia Geral deste ano.
França se junta a dezenas de governos que reconhecem formalmente o Estado da Palestina
Revogação de vistos
No fim de agosto, o Departamento de Estado dos Estados Unidos revogou os vistos de entrada nos EUA de membros da Autoridade Palestina e da coalizão que controla a entidade, a Organização para a Liberação da Palestina (OLP).
Entre os sancionados, estão Mahmoud Abbas e mais 80 representantes da instituição.
Na ocasião, o governo Trump acusou Autoridade Palestina e a OLP de serem associadas ao "terrorismo" e de "não cumprirem seus compromissos e por minarem as perspectivas de paz" no Oriente Médio.
A Autoridade Palestina foi criada para gerir politicamente os territórios palestinos, mas, desde que o grupo terrorista Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, após as eleições de 2006, a entidade só exerce poder de fato sobre alguns enclaves na Cisjordânia. A OLP é adversária política do Hamas.