Carta assinada por indígenas Yanomamo foi entregue ao ministro Luis Roberto Barroso em Palimiú
Hutukara/Divulgação
Lideranças do povo Yanomami entregaram nesse domingo (14) uma carta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, em que alertam para a falta de um plano definitivo contra o garimpo e de assistência contínua e integral de saúde no território.
Barroso é relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, uma ação que tramita no STF e pede pela proteção dos indígenas e medidas para a retirada de garimpeiros da Terra Yanomami. O ministro cumpre agenda em Roraima para avaliar ações contra garimpo na região.
Na carta, assinada por ao menos 40 lideranças, os indígenas relatam as consequências da atividade ilegal no território, como doenças, contaminação por mercúrio, violência e impacto sobre mulheres e crianças. Além disso, alertam que sem medidas ininterruptas "tudo pode se perder". O receio é o de que o ministro considere a ADPF 709 cumprida e a encerre.
Maior território indígena do Brasil, a Terra Yanomami está em situação de emergência desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As ações ocorrem em duas frentes: a retirada de garimpeiros e na oferta de atendimento de saúde ao indígenas que vivem na região que há décadas enfrenta ameaças dos invasores.
"Ainda há muito a ser feito. Nós ainda estamos sofrendo. O governo brasileiro não conseguiu estabelecer um plano definitivo de proteção da Terra Indígena Yanomami. Isso é extremamente perigoso, pois sabemos que, caso as ações governamentais se encerrem com o fim da ação judicial que as motivou, os invasores retornarão com ainda mais força, destruindo todo o trabalho construído pelo senhor e nós no grande esforço de segurar o céu", cita trecho da carta.
O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, foi um dos que assinou o documento. Em reunião com o ministro e outras lideranças indígenas na comunidade Palimiú, ele reforçou que a proteção dos povos não é um favor, mas "é o que está garantido na Constituição". "Estamos preocupados de você parar a ADPF 709", frisou.
Dário Kopenawa pede ao presidente do STF que não encerre a ADPF 709
*Reportagem em atualização, aguarde para mais informações