Vassoura de Bruxa: inspeção visa conter propagação de doença no Amapá
Produtores indígenas de Oiapoque, no extremo norte do Amapá, receberam uma câmara térmica automatizada para tratar e multiplicar mudas de mandioca com qualidade genética e fitossanitária. O equipamento foi entregue pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A ação ocorreu no dia 21 de agosto, durante um dia de campo realizado na Aldeia Manga, no Centro de Formação Indígena “Domingos Santa Rosa”, localizado no km 18 da BR-156.
A iniciativa faz parte da estratégia da Embrapa, por meio da Rede Reniva, para combater a vassoura-de-bruxa, praga que ameaça a produção de mandioca e a segurança alimentar de milhares de famílias.
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A câmara será gerenciada pelo Conselho de Caciques Indígenas de Oiapoque (CCPIO) e pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com operação feita pelos Agentes Ambientais Indígenas de Oiapoque (Agamins).
O equipamento foi adquirido com recursos de um Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Embrapa.
Embrapa entrega câmara térmica em Oiapoque para enfrentamento à vassoura-de-bruxa da mandioca
Girlane Duarte
Embrapa entrega câmara térmica em Oiapoque para enfrentamento à vassoura-de-bruxa da mandioca
Girlane Duarte
A ação faz parte do projeto Reniva Indígena, que apoia comunidades indígenas na prevenção e controle da praga, já presente em plantações do Amapá e Pará, incluindo os territórios Oiapoque, Wajãpi e Tumucumaque, próximos à Guiana Francesa e ao Suriname.
Segundo Jô de Farias Lima, chefe-geral interino da Embrapa Amapá, a principal vantagem da câmara térmica é permitir a sanitização das mudas de mandioca usadas pelas comunidades.
“A estrutura foi pensada para oferecer esse serviço, garantir materiais de qualidade e permitir que sejam multiplicados nas aldeias”, explicou. Ele destacou que o controle de temperatura e umidade é o diferencial da tecnologia.
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Gilmar Nunes André, agente ambiental indígena do povo Galibi Marworno e morador da Terra Indígena Juminã, afirmou que a expectativa é produzir mudas saudáveis a cada 120 dias.
“Vai ser multiplicado de quatro em quatro meses, porque cresce rápido, e 120 dias depois, as mudas poderão ser plantadas na roça”, disse.
Durante o evento, os coordenadores da Rede Reniva, Hermínio Rocha e Helton Fleck da Silveira, explicaram como funciona a tecnologia, que é totalmente automatizada. Segundo eles, a câmara térmica elimina patógenos das mudas e permite a multiplicação de materiais com identidade genética garantida — fator essencial para melhorar a produtividade e garantir alimentos de qualidade para agricultores e comunidades indígenas.
Formação técnica em Macapá
Enfrentamento à vassoura-de-bruxa da mandioca
Girlane Duarte
Nos dias 18 e 19 de agosto, a Embrapa Mandioca e Fruticultura, da Bahia, e a Embrapa Amapá realizaram um curso em Macapá sobre produção de mudas de mandioca com qualidade genética e sanitária. A atividade reuniu extensionistas, pesquisadores, agricultores e estudantes.
A programação incluiu atividades práticas no Campo Experimental de Fazendinha, como identificação de doenças, manejo adequado e produção de mudas com identidade genética comprovada. As ações fazem parte do trabalho da Rede Reniva em vários estados, com foco em apoiar agricultores familiares na adoção de tecnologias que garantam segurança alimentar, geração de renda e sustentabilidade.
Como funciona a câmara térmica
Câmara térmica em Oiapoque
Girlane Duarte
A câmara térmica é uma estufa agrícola usada para tratar mudas de mandioca por meio da termoterapia — técnica desenvolvida pelo Centro Internacional para Agricultura Tropical (Ciat), na Colômbia, e aperfeiçoada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura.
O processo elimina doenças sistêmicas por meio da exposição controlada ao calor e à umidade. Após dois ciclos de cultivo, as mudas ficam livres de patógenos e prontas para multiplicação. A tecnologia permite produzir até 250 mudas por metro de haste em seis meses, enquanto o método tradicional gera cerca de 25 mudas por ano.
Vassoura-de-bruxa da mandioca
MPPA
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