Setembro Amarelo: projeto estimula expressão de sentimentos em escola de Sorocaba
As palavras carregam consigo mensagens que podem mudar a vida de muitas pessoas. Em Sorocaba (SP), alunos da Etec Armando Pannunzio têm realizado um gesto de carinho e de lembrança da necessidade de cuidar da saúde mental, neste Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio.
Dentro da escola, o tradicional “Correio Elegante” ganhou um novo nome, o de “Correio da Gratidão”. Os alunos escrevem uma mensagem e entregam para alguém especial, fazendo com que cada recado seja uma forma de ajudar e estender a mão para quem precisa de uma conversa e de lembrar-se de que não está sozinho para enfrentar esses desafios.
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Para Emily Maria Sanches, de 17 anos, a música é um dos meios para ajudar no acolhimento e na transformação, pois ela consegue transmitir sensações que ajudam a passar por esses momentos. “Você consegue sentir o que a pessoa está passando, mas você consegue se expressar e saber como você está se sentindo e é capaz de identificar o que está passando”, diz.
Neste ano, o tema do Correio da Gratidão é “Sua vida importa, você importa”, que reforça esse trabalho de acolhimento e, principalmente, de ouvir. O projeto é idealizado e desenvolvido pelo Centro Paula Souza.
Alunos da Etec Armando Pannunzio deram um novo sentido ao "Correio Elegante" para "Correio da Gratidão"
Reprodução/TV TEM
Gisele Pereira Camargo, de 15 anos, no pouco espaço que o bilhete lhe proporciona, escreve para a sua amiga que recentemente conheceu, mas que uma completa a outra.
“Eu escolhi essa pessoa e não faz muito tempo que a gente se conhece, mas ela é muito importante para mim e eu a quero manter em minha vida. E mesmo esse papel sendo pequeno, ela representa muito mais para mim”, diz Gisele.
Ana Rebeca Santos, amiga escolhida de Gisele, lembra o quanto ela é importante e sente uma alegria grande por saber que foi a escolhida. “A minha amizade com ela é muito importante, porque demonstra o afeto por mim e mostra que você realmente é importante. É extremamente significante”, comenta.
Essas ações reforçam a necessidade da prevenção e combate ao aumento dos casos de pessoas com algum transtorno psicológico. Dados do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) mostram que nos últimos dez anos, o número de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos com ansiedade atendidos pelo SUS aumentou 2.500%.
Já entre jovens de 15 a 19 anos, o crescimento foi ainda maior, com 3.300%. Especialistas apontam que fatores como a pandemia e o uso excessivo de eletrônicos contribuíram para o avanço desses índices.
Segundo a psicóloga Eloá Cristina Teixeira Lopes, identificar sinais de risco e oferecer apoio pode salvar vidas.
“Esse isolamento, a gente precisa ficar atento, porque pode causar uma fragilidade no desenvolvimento das habilidades sociais desses jovens, com dificuldades em lidar com situações de conflito. Porque uma vez que ele fique isolado e não faça esses treinos de habilidades, quando adulto elas não serão completamente formadas”, diz a psicóloga.
A professora Lucilene Batista Dias comenta que essa proposta tem um impacto que vai além da escola. “O jovem precisa ter um lugar acolhedor e seguro onde se sinta confortável para compartilhar suas inseguranças, seus medos. Aqui nós temos uma sala de acolhimento, onde os alunos podem agendar consultas com o professor acolhedor, que vai ajudar na ansiedade e nas questões emocionais, e aí a gente consegue acolher esse aluno e ajudar”.
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