Funcionários do Hospital Pedro II relatam medo após invasão
O homem apontado como um dos responsáveis pela invasão ao Hospital Municipal Pedro II na última quinta-feira (18) foi encontrado morto no fim da noite desta sexta-feira (19). O nome dele não tinha sido divulgado até a última atualização desta reportagem.
Para a Polícia Civil, a milícia decidiu executar o próprio integrante por temer um confronto.
“A Polícia Civil já havia identificado o criminoso. As diligências da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Baixada Fluminense (DRE-BF) estavam no encalço do grupo, que, diante da iminência da prisão, decidiu executar um de seus integrantes, na tentativa de evitar um confronto com a polícia”, declarou o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.
O corpo, com diversos disparos de arma de fogo, foi localizado por agentes da DRE-BF na Estrada de Paciência. Ao lado, estava um colete da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) — provavelmente a falsificação usada no ataque.
A Delegacia de Homicídios foi acionada e realizou perícia no local. As investigações seguem para capturar os demais envolvidos na invasão bem como os executores do miliciano.
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Corpo estava com colete supostamente usado na invasão
Reprodução
A invasão
Na madrugada de quinta, 8 homens armados com fuzis foram até o centro cirúrgico da unidade a fim de executar um rival internado.
O ataque aconteceu às 2h37. Câmeras de segurança registraram o momento em que 2 carros chegaram à portaria do hospital. Um dos homens desceu encapuzado, com um fuzil e vestindo um colete com a inscrição da Draco. Apesar da aparência, ele não era policial.
Vestidos de preto, os criminosos circularam pelos corredores até o centro cirúrgico, onde acreditavam que o alvo estava.
No momento da invasão, o hospital tinha mais de 300 pacientes internados, oito mulheres em trabalho de parto e diversas cirurgias em andamento. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a cena foi de pânico.
“Hospital de alta complexidade onde oito gestantes estavam dando à luz. Pessoas em trabalho de parto. Crianças. Pacientes no centro cirúrgico sendo tratados. Pânico no hospital", relatou Soranz.
Criminosos invadem Hospital Pedro II
Reprodução/TV Globo
O alvo dos criminosos
O homem procurado pelos milicianos é Lucas Fernandes de Sousa, de 31 anos. Ele foi baleado nove vezes na tarde de quarta-feira (17), em uma emboscada no condomínio Viva Felicidade, também em Santa Cruz.
Lucas já foi preso por extorsão em 2019 e responde ao processo em liberdade, de acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
"Ele era miliciano, a vítima, pertencia à milícia e teria trocado de facção e passou a integrar o Comando Vermelho", disse o secretário.
A cirurgia de Lucas já havia terminado, e ele havia sido transferido para a enfermaria. Sem encontrá-lo, os criminosos deixaram o hospital.
Pela manhã, o paciente foi transferido com escolta policial para outra unidade.
Criminosos invadem Hospital Pedro II
Reprodução/TV Globo
Reforço policial e investigação
A Polícia Militar reforçou o policiamento no entorno do hospital. Segundo o secretário Marcelo de Menezes, a ação foi rápida.
"Os funcionários entraram em contato com o nosso policial na sala de polícia. Esse policial acionou o batalhão da área, que enviou equipes para o hospital. Vasculharam e os marginais já tinham se evadido", disse Menezes.
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A Polícia Civil identificou o miliciano que comandou a invasão. Ele é o mesmo que teria atirado contra Lucas no dia anterior e possui mais de 20 anotações criminais, incluindo porte de arma, extorsão e clonagem de veículos.
"Está sendo investigado também por coordenar essa ação criminosa e terrorista contra essa vítima no hospital", disse Curi.
Histórico de invasões a hospitais no Rio
A invasão ao Pedro II não é um caso isolado. Pelo menos cinco outras unidades de saúde já foram alvo de ações semelhantes. Relembre:
1994 – Hospital Getúlio Vargas, Penha: 15 homens armados invadiram para resgatar um traficante;
2008 – Hospital Carlos Chagas, Marechal Hermes: 30 criminosos com coletes semelhantes aos da polícia resgataram um suspeito;
2014 – Hospital Azevedo Lima, Niterói: 15 homens armados resgataram um chefe do tráfico;
2016 – Hospital Souza Aguiar, Centro: quase 40 tiros foram disparados durante o resgate de um criminoso conhecido como Fat Family.
Estacionamento fica ao lado do Hospital Pedro II
Arte/g1