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Saiba por que Europa está preocupada com futuras agressões da Rússia a outros países


Saiba por que Europa está preocupada com futuras agressões da Rússia a outros países

Nesta segunda-feira (18), a guerra entre Rússia e Ucrânia motivou o mais consistente movimento diplomático para um acordo de paz, desde o início do conflito, há 3 anos e meio.

Na Casa Branca, em Washington, o presidente dos Estados Unidos recebeu mais uma vez o colega ucraniano Volodymyr Zelensky. Mas agora, o encontro foi acompanhado também por líderes europeus, que se deslocaram à capital americana, num apoio simbólico à Ucrânia.

Mas antes de contar como foi essa reunião de peso, é muito útil relembrar como esse conflito na Ucrânia começou. E por que a Europa está preocupada com futuras agressões da Rússia a outros países.

Vladimir Putin considera a Ucrânia berço cultural e espiritual da Rússia. Mas a decisão de invadir o país - lançando o maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial - tem também componentes geopolíticos.

O presidente russo vê como ameaça à Rússia a possibilidade de a Ucrânia estar sob o guarda-chuva da Otan - a aliança militar do Ocidente. Analistas avaliam que Putin pode ter um objetivo maior: fazer da Ucrânia parte de um império russo.

A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, atrás somente da Rússia. Do século no IX ao século XIII, o território da Ucrânia abrigou uma federação de povos eslavos, bálticos, nórdicos e de europeus do leste e do norte, chamada Kievan Rus - daí o nome Rússia.

A Ucrânia é o segundo maior país da Europa, atrás somente da Rússia. Do século no IX ao século XIII, o território da Ucrânia abrigou uma federação de povos eslavos, bálticos, nórdicos e de europeus do leste e do norte, chamada Kievan Rus - daí o nome Rússia.

Jornal Nacional

A influência russa na região começou no século XVII. No século XIX, o território da Ucrânia foi dividido entre os impérios austríaco e russo.

Mais tarde, na Primeira Guerra Mundial, os ucranianos declararam a independência, que durou pouco: de 1917 a 1920.

Em 1922, a União Soviética incorporou o país. No início dos anos 30, entre 3 milhões e 7 milhões de ucranianos morreram de fome, por causa das políticas de coletivização agrícola soviética.

Esse evento, que a Ucrânia trata como genocídio, ajuda a explicar o sentimento contrário ao domínio russo. A Ucrânia só se tornou independente de novo com o colapso do regime comunista, em 1991. Em 2022, a Rússia lançou a invasão em larga escala.

Atualmente ocupa militarmente um quinto do território ucraniano. Na sexta-feira, Donald Trump e Vladimir Putin se encontram no Alasca.

Depois da reunião, o jornal americano The New York Times, citando fontes de governos europeus, relatou que Putin exigiu que a Ucrânia ceda toda a região do Donbass - ocupado, primeiro por separatistas pró-Rússia e, desde 2022, pelas forças russas.

Formado pelas províncias Donetski e Luhansk, o Donbass é rico em carvão e minérios. Czares e depois a União Soviética desenvolveram a siderurgia, atraindo milhões de russos para a região.

Além de ter sua própria existência ameaçada, a Ucrânia hoje está longe de ser aceita na Otan. Um dos critérios para o ingresso na aliança militar do Ocidente é estabilidade territorial e ausência de conflitos.

Historicamente, países que se sentiram ameaçados pela Rússia buscaram a Otan para tentar se proteger. Foi o caso da Polônia e das nações bálticas Estônia, Letônia e Lituânia, nos anos 1990 e início dos 2000, diante do colapso da União Soviética.

Em meio a guerra da Rússia contra a Ucrânia, Finlândia e Suécia também solicitaram adesão à Otan. A Finlândia compartilha uma longa fronteira com o território russo - mais de 1.300 quilômetros.

Assim como a Ucrânia, a Geórgia também sonha fazer parte da aliança, mas também não entrou, principalmente, por causa de ocupação russa em regiões separatistas.

O continente europeu não está preocupado apenas com a aliada Ucrânia, mas com o próprio futuro. Por trás de tanto apoio está o medo de que qualquer concessão à Rússia crie um precedente perigoso. E abra caminho para ambições ainda mais expansionistas de Vladimir Putin.

Analistas apontam um precedente histórico. Em 1938, líderes europeus cederam à Alemanha nazista a região dos Sudetos, parte da Tchecoslováquia, achando que, com isso, Adolf Hitler fosse recuar.

Só que ele entendeu um sinal de fraqueza e avançou muito mais - dando início a 2ª guerra mundial. O britânico Keir Giles, especialista em Rússia da Chatham House, destacou esse exemplo.

Ele - que no ano passado lançou o livro Quem vai defender a Europa? - explicou:

“A razão pela qual todos esses líderes europeus cruzaram o Atlântico para chegar a Washington é porque sabem que a Rússia também representa uma ameaça para eles. E que se a Ucrânia for abandonada e a Rússia tiver permissão para tomá-la, então a Rússia estará livre para partir para o seu próximo alvo.”

E concluiu:

“Vladimir Putin tem sido muito claro sobre suas ambições de restabelecer, de fato, o Império Russo”.

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