G1

Tocantins registra 155 homicídios em 2025 e famílias cobram investigações: 'Tudo que eu sei é porque fui atrás', diz irmã de vítima


Tocantins registra mais de 150 homicídios em 2025

De janeiro a julho de 2025, o Tocantins registrou um total de 155 homicídios. Em muitos casos, as famílias ainda não sabem quem são os responsáveis pelas mortes dos entes queridos, e algumas reclamam que não são informadas sobre o andamento das investigações da Polícia Civil.

Esta é situação enfrentada pela família de Henrique Cardoso de Souza, de 20 anos. Ele foi assassinado em Tocantínia, no dia 12 de abril deste ano. Ele estava voltando de um jogo e, ao parar em um bar no assentamento Água Fria, foi atingido com um tiro na cabeça. Chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento.

O jovem era apaixonado por futebol e jogou em times do estado e do Brasil. A irmã, Esmeralda Cardoso, comentou que Henrique era um rapaz trabalhador e alegrava o ambiente por onde passava. "Ele gostava muito de sorrir, era muito alegre", disse.

📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp

Ninguém foi preso pelo crime e a família alega que não sabe como estão as investigações. A suspeita é de que ele foi atingido por engano.

“Tudo que eu sei é porque realmente eu fui atrás em outras fontes, porque a delegada responsável pelo caso não passa informação. A gente entra em contato, tenta uma resposta e simplesmente ela não passa nenhum tipo de informação”, reclamou Esmeralda.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO) afirma que o inquérito do caso foi concluído e os investigados tiveram a prisão preventiva decretada, mas estão foragidos. Afirmou também que são feitas buscas para localizar os suspeitos (veja nota completa abaixo)

Baixo efetivo atrapalha investigações

O número de homicídios de 2025, 155 casos, é um pouco maior do que o registrado no mesmo período de 2024, que teve 150 registros.

Dados da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil apontam que, no Tocantins, a resolutividade dos inquéritos de homicídios em 2024 foi de 54,3%, um pouco menor do que em 2023, que foi de 56,8%.

Segundo o Sindicato dos Delegados de Polícia do Tocantins (Sindepol), o baixo efetivo da Polícia Civil compromete o andamento das investigações.

“Nós temos um efetivo bastante reduzido, que tem sido impactado em razão do último concurso da Polícia Civil ter sido realizado no ano de 2014 e ano após ano, uma grande quantidade de aposentadorias, tem feito com que, em razão desse baixo efetivo, a gente não tenha conseguido lograr êxito e concluir todos esses inquéritos”, explicou o delegado e presidente do Sindepol, Gregory Almeida.

Os dados da SSP-TO, porém, apontam para uma situação diferente. A taxa de inquéritos de homicídio solucionados no Tocantins, segundo a polícia, seria de 88% em 2024. Neste ano, a SSP-TO diz ter instaurado 135 inquéritos de homicídios (um inquérito pode investigar mais de uma morte), sendo que 25 foram finalizados com autoria conhecida.

LEIA TAMBÉM:

Juiz determina que Estado apresente relatório sobre situação da Polícia Civil e indique se há recursos para concurso

Corpo carbonizado é encontrado na zona rural de Lajeado

Família pede Justiça após jovem ser atingido na cabeça durante tiroteio em bar e morrer: 'Disparos para todo lado', diz irmã

O número é considerado positivo pela gestão, mas a pasta reconhece a necessidade de mais policiais.

“Apesar da grande defasagem em que a gente se encontra de policiais, há 11 anos sem concurso público, mesmo assim o trabalho aguerrido dos policiais tem trazido esse resultado. As equipes se encontram trabalhando bem, com o mínimo possível em cada uma dessas delegacias”, diz o delegado e diretor de polícia do interior, Elírio Putton.

Sobre a cobrança das famílias por informações, a Secretaria afirma que isso diz respeito ao sigilo nas investigações.

"O fato de o investigador passar para o familiar ou para qualquer pessoa os atos que estão correndo dentro deste inquérito fragiliza a efetividade e contribui para que não ocorra o resultado desejado", completou o delegado.

O Ministério Público recebe os inquéritos finalizados, mas também acompanha as investigações. A atuação do órgão contribui para o andamento dos inquéritos e para a taxa de solução de homicídios.

“As pessoas procuram o Ministério Público para uma orientação, e o Ministério Público pode atuar dentro do inquérito, requisitando determinando que sejam ouvidas testemunhas”, afirmou o promotor João Edson de Souza, coordenador do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública do MPTO.

Henrique Cardoso de Souza, de 20 anos, foi assassinado em Tocantínia

Reprodução/TV Anhanguera

Integra da nota da Secretaria de Segurança Pública

A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a morte de Henrique Cardoso de Souza, ocorrida em abril deste ano. Durante a investigação, diversas testemunhas foram ouvidas e diligências foram realizadas.

Com base nas provas colhidas, a autoridade policial representou pela prisão preventiva dos investigados, cujos mandados foram expedidos. No entanto, até o momento, os suspeitos não foram localizados e permanecem foragidos.

Diante disso, o inquérito foi concluído com o indiciamento dos investigados, que responderão ao processo na Justiça. A Polícia Civil do Tocantins reforça seu compromisso com a elucidação dos crimes e informa que as diligências continuam sendo realizadas para localizar os suspeitos.

Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.

.

Baixe o nosso aplicativo

Tenha nossa rádio na palma de sua mão hoje mesmo.