Esposa leva lanche para bombeiro durante incêndio em fábricas de Manaus e viraliza. Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Em meio ao combate às chamas do incêndio que consumiu os galpões das fábricas da Effa Motors e Valfilm da Amazônia, em Manaus, uma atitude chamou atenção nas redes sociais. Um vídeo que mostra uma mulher entregando lanche para o marido bombeiro enquanto atuava na extinção do fogo, viralizou e acumula quase quatro milhões de visualizações. Assista acima.

Trabalhadores relataram que o fogo teria começado por volta das 12h de terça-feira (5), após faíscas de solda caírem em um produto químico na linha de produção da Effa Motors, responsável pela produção de caminhões de pequeno porte. Cem veículos estavam no local e os trabalhos de extinção das chamas duraram mais de 40 horas, no incêndio considerado o maior já registrado em Manaus, segundo os bombeiros.

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Nas imagens, é possível ver o bombeiro Thales Barroso se aproximando do carro em que estava a esposa, Tuany Guimarães e o filho. Logo em seguida, ela entrega uma pizza e um refrigerante. Ao fundo, a densa nuvem de fumaça gerada a partir do incêndio toma conta do céu.

No vídeo, Tuany escreve que torcia para que começasse a chover, com a esperança de que a água ajudasse a controlar as chamas e permitisse que o marido voltasse para casa mais cedo. A espontaneidade e o carinho demonstrado chamaram atenção dos usuários das redes, que encheram os comentários com mensagens de apoio e admiração.

Ao g1, ela contou que o casal já está junto há 18 anos e sempre costuma levar lanches para o marido durante seus plantões, como uma forma de carinho e para ajudá-lo durante seu trabalho. Durante o incêndio considerado o maior já registrado em Manaus, segundo os bombeiros, ela também buscou ajudar Thales.

"Por a profissão dele, muitas das vezes ser exaustiva e ele ter que ficar longe da gente, eu sempre tive esse costume de levar lanche para ele em forma de carinho, de amor, para ele saber que pode contar comigo. É a minha linguagem do amor. Muitas vezes ele fica de serviço no quartel, eu levo também para ele lanche, ou o que ele precisar. E dessa vez não foi diferente", disse.

Bombeiro Thales Barroso e esposa Tuany Guimarães.

Reprodução/Redes Sociais

Ainda segundo Tuany, ela costuma fazer postagens nas redes sociais onde mostra a rotina e trabalho do marido, como forma de exaltá-lo.

"Filmei pra postar nas minhas redes que eu sempre posto. A rotina dele, sempre exaltei meu marido Tenho muito orgulho da profissão dele. Eu queria também mostrar pra minha sogra, que estava preocupada, que o filho dela estava bem, ia se alimentar, e viralizou. Fiquei muito feliz. Ainda estou tentando lidar com tudo isso, porque acabou crescendo nas duas redes sociais", contou Tuany.

Em outras publicações, no mesmo perfil, é possível acompanhar registros ao longo dos quase dois dias de combate ao fogo. Em uma das gravações, ela mostra o momento em que o bombeiro finalmente é liberado do serviço e retorna para casa após os focos de incêndio terem sido extintos.

"O meu marido retornou para casa após 36 horas de combate no incêndio. Eu fui buscá-lo por volta de 23h. Foi uma sensação maravilhosa tê-lo de volta, poder cuidar dele e ver ele tomando banho, descansando. Mas pela manhã ele retornou para terminar o serviço, a parte do rescaldo. Agora, estão sendo liberados novamente, graças a Deus, para retornar para suas casas", finalizou Tuany.

Incêndios na fábrica

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William Duarte/Rede Amazônica

O incêndio que atingiu duas fábricas foi o maior já registrado na história da capital, segundo o Corpo de Bombeiros do Amazonas (CBMAM). O fogo começou na terça (5) e foi completamente extinto na manhã desta quinta (7), após mais de 40 horas.

O fogo teve início na cobertura do primeiro pavimento, segundo o comandante o comandante-geral da corporação, coronel Orleilson Muniz. As causas ainda serão investigadas. "Vai ser avaliado com muito critério, porque, como eu falei, existe o componente elétrico nisso, existe o componente que pode ter acontecido algum vazamento com ignição simultânea", disse.

Dentro do galpão, havia grande volume de materiais inflamáveis, como plásticos, solventes e colas.

Durante a operação de combate ao fogo, 205 bombeiros militares atuaram no local, além de brigadistas e bombeiros civis das próprias empresas. O combate contou com equipamentos como drones, plataformas aéreas e viaturas novas, além de espuma sintética para facilitar o resfriamento dos focos mais profundos.

Apesar da gravidade do caso, o Corpo de Bombeiros informou que um terço do pavilhão foi preservado, além de centenas de veículos, cuja quantidade exata ainda não informada. O calor intenso também causou danos aos prédios vizinhos.

Nesta quinta (7), o trabalho entrou na fase de rescaldo e a previsão é que até o fim do dia a área seja entregue ao proprietário.

"Não há mais possibilidade de reignição. Garantimos o controle total da área e seguimos agora com a investigação sobre as causas", explicou o comandante.

Muniz disse também que as duas empresas afetadas possuem auto de vistoria do Corpo de Bombeiros. A previsão é que o laudo sobre a origem do incêndio fique pronto em até 60 dias.

A Effa Motors declarou que ainda não tem a real dimensão dos prejuízos, mas que as autoridades seguem no local, acompanhando os desdobramentos e adotando medidas de segurança.

A Valfilm afirmou que segue contabilizando os prejuízos causados e que não prevê riscos de desabastecimento do mercado. Ressaltou também que está priorizando a saúde da funcionária grávida, única vítima do incêndio, além do bem-estar de todos os colaboradores afetados pelo incidente.

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Funcionária ferida

Inicialmente, o Corpo de Bombeiros informou que não havia registro de feridos no incêndio. No entanto, por volta das 22h de terça, o Complexo Hospitalar Sul divulgou nota confirmando que uma funcionária deu entrada no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital 28 de Agosto.

Por meio de nota, a assessoria informou que Letícia Gomes do Nascimento, de 26 anos, única vítima do incêndio, foi socorrida e levada à unidade de saúde antes da chegada dos bombeiros, motivo pelo qual não apareceu na lista oficial da corporação. Ela está grávida de dois meses.

De acordo com boletim médico, Letícia está consciente, tranquila, com sinais vitais dentro da normalidade e respira sem a ajuda de aparelhos.

"Quero que meu bebê cresça saudável e, um dia, eu possa contar esse testemunho na igreja. Vai ser difícil esquecer, mas sou grata por estar viva, afirmou.

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William Duarte/Rede Amazônica

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Leandro Guedes/Rede Amazônica

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